Um dia especial em Belo Horizonte para homenagear o papa Bento XVI, que ontem apresentou oficialmente a sua renúncia e deixou vago o trono de São Pedro. À tarde, na Igreja de São Judas Tadeu, no Bairro da Graça, na Região Nordeste de Belo Horizonte, o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo celebrou missa em ação de graças pelos oito anos em que o alemão Joseph Ratzinger foi líder de 1,2 bilhão de católicos pelo mundo. Ressaltando a humildade do sumo pontífice, dom Walmor disse que sua decisão surpreendeu e gerou grande comoção: "Rezo para que o novo papa, escolhido pela vontade de Deus e para o bem do povo, tenha a luz para conduzir a Igreja à sua tarefa de anunciar Jesus Cristo".
Na homilia, o arcebispo pediu aos fiéis que fizessem uma oração pelo momento singular vivido pela Igreja, e também em agradecimento à dedicação e condução de Bento XVI durante o pontificado. Várias paróquias da Arquidiocese de BH prestaram homenagens ao papa, que agora se torna um “peregrino”, nas suas próprias palavras. Na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul, às 16h, os sinos repicaram durante oito minutos, cada um representando um ano do pontificado, informou o titular da paróquia, o frei carmelita Evaldo Xavier Gomes, que morou nove anos em Roma e um em Florença, na Itália.
À noite, às 20h, cerca de 100 pessoas, que fizeram contato pelas redes sociais, rezaram o terço na Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul. Perto da cruz de aço e com um megafone, o professor de história e mestrando em filosofia Guilherme Ferreira, do Centro Schuman, falou sobre a importância do papa “ao enfrentar os problemas da Igreja com coragem, serenidade e fortaleza”. Diante do retrato de Bento XVI, iluminado por dois tocheiros, e da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México e da América Latina, Guilherme afirmou que o papa manteve a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento que ocorrerá em julho, no Rio de Janeiro (RJ), com presença estimada de mais de 2 milhões de pessoas.
O ato teve participação de leigos, religiosos e pessoas de várias gerações. O veterinário Fernando Carbonari, de 29, do Bairro de Lourdes, contou que estava na praça para rezar “pelo conclave e pelos cardeais, que são inspirados pelo Divino Espírito Santo”. Vestido com uma camisa verde, com o nome do papa em destaque, o bancário e estudante de jornalismo Ezequiel Vítor Silva Carneiro, morador de Contagem, na Grande BH, enalteceu a figura do Santo Padre, que “incentivou o estudo e a formação entre os católicos e enfrentou os problemas com rigidez”.
Enquanto o terço era recitado em volta da cruz, tendo a cidade e a Serra do Curral como cenário, jovens levantaram uma faixa de apoio ao pontífice. Ao fim, duas orações foram distribuídas entre os presentes: uma pela fidelidade ao papa e outra pela eleição. “Senhor Jesus, fundaste a Igreja sobre a fé e a autoridade de Pedro, como teu vigário na terra, e tornaste perpétuo o teu primado na pessoas de seus sucessores. Nós te pedimos que nos faça reconhecer sempre, venerar e amar no papa, o escolhido por ti, pela luz do Espírito Santo, para reger e governar a santa Igreja”, dizia a primeira prece.
Na igreja
Para o advogado Airton Edilson Ferreira, de 51, o papa deixa exemplo, ao reconhecer sua fragilidade e mostrar que "temos condições de formar um povo mais fiel e humano". O pintor André Luiz Santos, de 25, espera que o novo pontífice traga um espírito mais jovem para a Igreja e faça as mudanças que Bento XVI não conseguiu fazer. "Ele mesmo disse que os jovens podem transformar. Que venha uma papa mais novo e que possa ajudar a melhorar o mundo", afirmou.