Terminou ontem mais um capítulo da novela que se arrastou por anos sobre concessão de novas placas de táxis na capital. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) entregou simbolicamente cartas de concessão aos 605 novos permissionários do sistema de Belo Horizonte, um aumento de 10% na frota atual de 5.991 veículos. O desafio agora será colocar os veículos em circulação nos próximos três meses, prazo que coincide com os jogos da Copa das Confederações no Mineirão.
Os motoristas serão convocados à BHTrans, onde receberão a carta de autorização para compra do veículo. Os primeiros a serem chamados serão os portadores de deficiência, que deverão passar por perícia médica que avaliará o grau de dificuldades e quais equipamentos serão necessários na equipagem do carro. Os demais (táxis comuns e empresas) serão convocados a partir de segunda-feira. Assim que receberem a carta de autorização eles terão prazo de 90 dias para apresentar o veículo à BHTrans e receberão autorização para circular. A expectativa da prefeitura é de que todos estejam em circulação ainda no fim deste semestre. O prefeito anunciou também que em breve será iniciado o processo de licitação para 200 placas que estão desativadas e servirão para recompor a frota.
Reis disse também que essa era uma antiga reivindicação dos taxistas auxiliares, mas que não acredita que vai resolver o problema deste tipo de transporte na capital: “Isto dependerá de mais investimentos em mobilidade urbana, não adianta colocarmos mais veículos nas ruas se ficarmos parados no trânsito”.
O presidente do Sincavir também criticou a iniciativa da BHTrans de controle da jornada de trabalho, afirmando que os táxis de BH circulam bem além das 12 horas por dia e que não vê essa necessidade de mais um gasto para os motoristas (eles terão que adquirir o equipamento).
O presidente da BHTrans confirmou que a medida será tomada para os novos táxis, mas que os demais também serão monitorados por meio de um sistema já existente no taxímetro que permite saber quanto tempo o carro circulou.
Taxista auxiliar há 32 anos, Juscelino Cândido de Miranda só aguarda a carta de autorização para conseguir financiamento e disse estar muito contente com o que considera a sua “aposentadoria”. Segundo ele, trabalhar durante décadas saindo de casa devendo diária e um tanque de gasolina era muito difícil. Ele ainda não tem o carro.
De acordo com Dalcio Amorim Carneiro, gerente geral da concessionária Sinal Veículos (Fiat), se o motorista optar por um modelo mais simples como o Siena EL1.4, por exemplo, sem muitos opcionais, é possível entregar o veículo entre 30 e 40 dias. Procurada, a assessoria da Fiat enviou nota informando que “a disponibilidade de produtos varia de acordo com a demanda de mercado” e que a empresa “procura sempre estar atenta às variações da demanda de forma a otimizar sua cadeia de fornecimento e capacidade produtiva”.
Durante a entrevista coletiva no fim do evento na prefeitura, o prefeito Marcio Lacerda falou também dos ex-concessionários de placas que tentam judicialmente garantir a hereditariedade da concessão. Segundo ele, essa é uma questão a ser resolvida pela Justiça e não cabe ao poder municipal decidir.