Jornal Estado de Minas

Dengue se alastra em Belo Horizonte

Total de registros da doença, incluindo casos suspeitos, cresce 78% na capital mineira. Prefeitura prevê que situação vai piorar até abril. Hospitais da Zona Sul ficam lotados

Patrícia Giudice
O número de casos confirmados e suspeitos de dengue em Belo Horizonte aumentou 78% em uma semana
Em média, foram 424 notificações por dia espalhadas pela cidadeA situação, de acordo com a prefeitura, pode piorar entre março e abrilAs regiões Norte, Nordeste, Pampulha e Venda Nova registram a maior parte das notificações, mas hospitais da Região Centro-Sul estão lotados de pacientes com sintomas, em busca de tratamentoEm alguns bairros, como o Santo Antônio, um inseticida geralmente usado em áreas com alto índice de ocorrências sob suspeita já está sendo aplicado em prédios e quintaisO São Pedro, Sion e Morro do Papagaio também apresentam alta incidência, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.


No Hospital Mater Dei, no Bairro Santo Agostinho, foi registrado aumento de 50% na quantidade de casos suspeitos em fevereiro em relação a janeiroSegundo a coordenadora do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar, Silvana de Barros Ricardo, um plano de contingência foi posto em prática, com mais profissionais de plantão e consultórios disponíveis nos horários de picoNo ano passado, segundo ela, o mesmo planejamento foi feito, mas não chegou a ser usado por causa da baixa incidência“A situação ficou pior a partir do carnaval, reflexo de muito calor e chuvas esporádicasAno passado tinha previsão de infestação muito alta no período, que não se concretizouNeste ano cresceu muito”, afirmou.


Grande parte dos atendidos no Hospital Madre Tereza, no Bairro Gutierrez, mora na Região Centro-Sul e lá, de acordo com o coordenador do pronto-atendimento, José Carlos Versiani, houve crescimento no número de registros

Ele não soube quantificar, mas disse que a situação neste ano está pior do que no verão de 2012“Não tivemos internação por quadro grave de dengue, mas houve, sim, até colegas médicos infectadosTivemos um aumento considerável.” Para ele, a dificuldade é conscientizar a população, “que não acredita que pode ser vítima nos próprios quintais, lotes e áreas”


O Hospital Vera Cruz, no Barro Preto, atendeu 111 pacientes com sintomas da doença em janeiro e fevereiro de 2012Não houve internações por gravidadeNeste ano, a realidade foi outra: 560 pessoas deram entrada via pronto-socorro com suspeitas da doença e três já foram internadasEsquema especial está em estudoAs unidades de pronto-atendimento da Unimed também estão sentindo os efeitosEmbora sem estimativas oficiais, a avaliação é de que o total de casos suspeitos seria pelo menos oito vezes maior que o registrado em 2012Já o Vila da Serra, em Nova Lima, mas que recebe também pacientes de BH, fez seis atendimentos entre janeiro e março de 2012

Nesta temporada, até ontem foram 36


Todos os casos registrados pelos hospitais que atendem por planos de saúde ou consultas particulares são enviados para a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte para notificação, exceto o Vila da Serra, que remete à Prefeitura de Nova Lima

EM ALTA

De acordo com dados divulgados ontem pela Secretaria Municipal de Saúde, 1.630 casos da doença foram confirmados neste ano na capital, sendo a maior parte na Pampulha e Região NorteAté agora, uma pessoa teve febre hemorrágicaSegundo a gerente de Epidemiologia da Secretaria de Saúde, Lúcia Paixão, outros casos ainda podem ser constatados entre os 5.128 sob investigação“Estamos com um número muito grande, em uma fase não confortável, de alerta, e tende a crescer em março e abril.”