O número de casos confirmados e suspeitos de dengue em Belo Horizonte aumentou 78% em uma semana. Em média, foram 424 notificações por dia espalhadas pela cidade. A situação, de acordo com a prefeitura, pode piorar entre março e abril. As regiões Norte, Nordeste, Pampulha e Venda Nova registram a maior parte das notificações, mas hospitais da Região Centro-Sul estão lotados de pacientes com sintomas, em busca de tratamento. Em alguns bairros, como o Santo Antônio, um inseticida geralmente usado em áreas com alto índice de ocorrências sob suspeita já está sendo aplicado em prédios e quintais. O São Pedro, Sion e Morro do Papagaio também apresentam alta incidência, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
No Hospital Mater Dei, no Bairro Santo Agostinho, foi registrado aumento de 50% na quantidade de casos suspeitos em fevereiro em relação a janeiro. Segundo a coordenadora do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar, Silvana de Barros Ricardo, um plano de contingência foi posto em prática, com mais profissionais de plantão e consultórios disponíveis nos horários de pico. No ano passado, segundo ela, o mesmo planejamento foi feito, mas não chegou a ser usado por causa da baixa incidência. “A situação ficou pior a partir do carnaval, reflexo de muito calor e chuvas esporádicas. Ano passado tinha previsão de infestação muito alta no período, que não se concretizou. Neste ano cresceu muito”, afirmou.
Grande parte dos atendidos no Hospital Madre Tereza, no Bairro Gutierrez, mora na Região Centro-Sul e lá, de acordo com o coordenador do pronto-atendimento, José Carlos Versiani, houve crescimento no número de registros. Ele não soube quantificar, mas disse que a situação neste ano está pior do que no verão de 2012. “Não tivemos internação por quadro grave de dengue, mas houve, sim, até colegas médicos infectados. Tivemos um aumento considerável.” Para ele, a dificuldade é conscientizar a população, “que não acredita que pode ser vítima nos próprios quintais, lotes e áreas”.
O Hospital Vera Cruz, no Barro Preto, atendeu 111 pacientes com sintomas da doença em janeiro e fevereiro de 2012. Não houve internações por gravidade. Neste ano, a realidade foi outra: 560 pessoas deram entrada via pronto-socorro com suspeitas da doença e três já foram internadas. Esquema especial está em estudo. As unidades de pronto-atendimento da Unimed também estão sentindo os efeitos. Embora sem estimativas oficiais, a avaliação é de que o total de casos suspeitos seria pelo menos oito vezes maior que o registrado em 2012. Já o Vila da Serra, em Nova Lima, mas que recebe também pacientes de BH, fez seis atendimentos entre janeiro e março de 2012. Nesta temporada, até ontem foram 36.
Todos os casos registrados pelos hospitais que atendem por planos de saúde ou consultas particulares são enviados para a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte para notificação, exceto o Vila da Serra, que remete à Prefeitura de Nova Lima.
EM ALTA
De acordo com dados divulgados ontem pela Secretaria Municipal de Saúde, 1.630 casos da doença foram confirmados neste ano na capital, sendo a maior parte na Pampulha e Região Norte. Até agora, uma pessoa teve febre hemorrágica. Segundo a gerente de Epidemiologia da Secretaria de Saúde, Lúcia Paixão, outros casos ainda podem ser constatados entre os 5.128 sob investigação. “Estamos com um número muito grande, em uma fase não confortável, de alerta, e tende a crescer em março e abril.”