O número de diagnósticos de dengue em Minas não para de crescer desde o início do ano. Nesta semana o estado registrou nova alta, saltando para 78.242 os casos notificados em 2013. Entre 1º e 7 de março, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) fez 29.522 registros da doença, o que representa um crescimento de 60,59% em relação aos 48.720 divulgados pelo órgão em 28 de fevereiro. Também foram confirmadas outras três mortes em decorrência da doença no período, o que fez subir para 15 o número de óbitos causados pela dengue desde janeiro. Uberaba, no Triângulo Mineiro, lidera a lista de cidades com maior ocorrência de notificações em Minas, com 7.684 casos, e a de óbitos, com cinco. As outras com mortes confirmadas são Montes Claros, com duas, e Buritizeiro, Ituiutaba, Ipanema, Pirapetinga, Pirapora, São Geraldo do Baixo, Montes Claros e São João da Ponte, todas com um morto.
A Secretaria de Saúde já admite que a situação é crítica em algumas cidades e alerta para a possibilidade de que piore entre o fim de março e início de abril, período em que, historicamente, são registrados picos de transmissão. Em Belo Horizonte, por exemplo, a evolução chegou a 78% de crescimento só numa semana.
A coordenadora do Programa de Controle de Dengue da Secretaria de Estado de Saúde, Geane Andrade, afirma que a situação já é tão preocupante quanto em 2010, quando foram registrados 67.850 casos somente em março. Naquele ano, houve epidemia em Minas, com 261.915 notificações de dengue. No entanto, Geane afirma que a alta incidência era esperada pelas autoridades. “Havia uma tendência de crescimento desde o início do ano devido aos números registrados nas primeiras semanas de janeiro. Ainda há expectativa de que aumentem até abril, porque há previsão de muita chuva, o que faz crescer os focos da doença”, diz.
A representante da SES também culpou a troca de gestores municipais pelo aumento vertiginoso de casos. “Tivemos mudança de prefeitos em mais de 80% das cidades de Minas e isso fez com que as equipes de controle da dengue fossem desarticuladas. Também registramos falhas na limpeza urbana e isso tem proporcionado ambiente adequado para que o Aedes aegypti se reproduza”, observa.
Geane afirma que a secretaria está enviando reforços para as equipes de zoonoses dos municípios em situação mais grave e pede que a população contribua com as ações de combate à dengue. “Segundo levantamento das equipes, 83% dos focos do mosquito Aedes aegypti são encontrados em residências. Isso mostra que a população precisa ficar atenta a locais propícios à reprodução do transmissor”, diz.
Devido ao alto índice de casos graves de dengue, 13 municípios no interior do estado estão sendo equipados para virarem um padrão no atendimento dos doentes. “Estamos montando unidades com médicos treinados para o diagnóstico, equipamentos e insumos necessários para o tratamento da doença. O objetivo é que essas cidades se tornem referência de suas regiões”, explica a coordenadora. Entre as cidades incluídas estão Pirapora, Buritizeiro e Pirapetinga, todas com casos confirmados de morte.
AGILIDADE Trinta mil kits para diagnóstico rápido também estão sendo enviados a esses municípios com pacientes em grupos de risco e com suspeita de dengue hemorrágica. Segundo o médico infectologista Guenael Freire, o exame tradicional é feito por meio da pesquisa de anticorpos, que só são produzidos depois do contato com o vírus da dengue. A análise detecta a presença da doença cerca de seis dias depois do aparecimento dos primeiros sintomas, o que pode atrasar o diagnóstico. Com o teste rápido, que fica pronto em 20 minutos, a confirmação pode ser feita antes do aparecimento dos anticorpos, por meio da detecção do Antígeno NS1, proteína que aparece na fase inicial da doença. “O exame ajuda principalmente nos casos mais graves e possibilita que o tratamento comece mais rápido, aumentando as chances de cura”, avalia Freire.