Dona Rogélia torce para que o Dnit cumpra com a palavra: “Espero que ninguém mais sofra o que eu continuo sofrendo”O EM percorreu a estrada e mapeou as armadilhasAo longo da viagem, uma constatação comum dos usuários: a BR está ultrapassadaSua estrutura se opõe à importância dela para o desenvolvimento do país, uma vez que o trecho é caminho para polos produtores, como o Vale do Aço, e para portos, entre eles o de Tubarão (ES)É também caminho para destinos turísticos, principalmente cidades históricas de Minas – Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais – e municípios do litoral do Espírito Santo e da Bahia
Os dois maiores problemas são o traçado sinuoso, que acompanha montanhas, e as pistas simples e sem divisão físicaA combinação desses ingredientes matou familiares de dona Rogélia em dois acidentes
Rogélia acredita que os três poderiam estar hoje ao seu lado se o trecho fosse duplicadoEnquanto a sonhada obra não sai do papel, os usuários precisam ter atenção e sortePara se ter ideia, há cerca de 200 curvas entre BH e Monlevade, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF)Logo ao sair da capital, o motorista se depara com uma delas, no km 456O local exige perícia do condutor, pois a curva é num decliveÀ frente, a placa que informa a existência da ponte sobre a linha férrea está danificadaÉ uma das primeiras mostras de que a sinalização na rodovia é deficiente.
No km 428, pouco depois do trevo para Caeté, há uma ponte em curvaDois quilômetros adiante, uma placa alerta: trecho com alto índice de acidentes
Manifestação Às 10h do próximo dia 25, representantes da bancada federal de Minas vão fazer uma manifestação, próximo à entrada para o Hotel Tauá, em Caeté, pela duplicação urgente da 381“Convidamos o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e o diretor-geral do Dnit Jorge Ernesto Pinto FraxeDeputados federais, estaduais, prefeitos da região também estarão presentes, mas quero dizer que o evento é um ato apolíticoEssa rodovia precisa ser duplicada logo”, disse Fabinho Liderança, que organiza o evento ao lado de outros colegas, como a deputada Jô Moraes (PcdoB), uma dos parlamentares que tiveram a ideia da manifestação
Nos últimos anos, uma das medidas adotadas pelo Dnit para reduzir os acidentes foi o alargamento de pontes em parte do trechoOutra foi a instalação de radaresPara José Aparecido Ribeiro, especialista em segurança no trânsito e fundador da ONG SOS Rodovias Federais, as medidas são insuficientes para acabar com as tragédias“O correto é refazer a rodovia, com um traçado menos sinuoso e com menos inclinaçõesAté porque não há como realizar uma obra de duplicação com o volume de veículos no local”
O engenheiro Herzio Mansur, professor de logística e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), também não poupa críticas“Como admitir uma estrada dessa? O governo precisa entender que ele existe para propiciar segurança aos cidadãosÉ uma rodovia homicida”.