A avó materna do bebê Mateos Santiago Perotti Vergara, de um mês, a argentina Silvia Graciela Vergara, de 56 anos, obteve a guarda provisória da criança nesta terça-feira. O bebê foi retirado da barriga da mãe, Maria Silvina Valeria Perotti, em 10 de fevereiro, depois da gestante ter sido baleada na cabeça. Mateos nasceu prematuro com 28 semanas por meio de uma cesárea de emergência e permanece internado em estado grave na unidade de tratamento intensivo (UTI) neonatal do Hospital Júlia Kubitschek.
De acordo com o documento concedido pelo juiz Marcos Flávio Lucas Padula, da Vara da Infância e Juventude de Belo Horizonte, como tutora a avó terá a obrigação de prestar assistência material, moral e afetiva à criança. O documento ainda diz que a guarda está incluída na tutela.
“O juiz já tinha ido na minha casa, viu onde eu moro, me fez um monte de perguntas e hoje fui no tribunal para assinar os papéis. Agora é só esperar pela guarda definitiva”, conta. A argentina assumiu o papel de mãe do neto e faz visitas diárias à criança no hospital desde que chegou ao Brasil, em 15 de fevereiro. “Hoje coloquei ele no colo pela primeira vez. Foi muito emocionante, mesmo com todos os aparelhos, como respiradores e sondas. Estou maravilhada e acredito mesmo que ele vai sair dessa”.
Segundo Vergara, o pai da criança José Antônio Mendes de Jesus, de 32 anos, que também é o principal suspeito de matar Valeria Perotti, não procurou nem ela nem o hospital durante o último mês em que o menino ficou internado.
José chegou a ser preso em flagrante pelo homicídio e encarcerado por cinco dias no Ceresp São Cristóvão. Para a delegada Helenice Ferreira, que conduz o inquérito, a prisão foi baseada em provas testemunhais e concretas. No entanto, José foi liberado pelo juiz de plantão da Vara de Habeas Corpus e Medidas Urgentes do Fórum Lafayette, Carlos Roberto Loiola, que considerou a prisão sem fundamento de provas de autoria.
Estado grave
Mateos chegou a ter uma hemorragia pulmonar, uma infecção grave e um choque circulatório. Ele tem também problemas no coração e no cérebro. Por causa deles, a equipe médica cogitou a possibilidade de fazer duas cirurgias de correção, que só poderão ser realizadas depois que o quadro dele evolua e ele ganhe peso. “O que estamos fazendo é o suporte do neném para deixá-lo crescer e viver por conta própria. Ele ainda precisa de ventilação mecânica, porque não consegue respirar sozinho, e a gente também dá uma nutrição parenteral, porque ele tem dificuldade de receber a dieta. O quadro é grave e ele ainda corre riscos, mas comparado com o início, já houve uma melhora significativa”, explica o médico intensivista e pediatra do hospital Bruno Morais Damião.