Jornal Estado de Minas

Frota de ônibus é outra preocupação para conclusão do BRT

Embora BHTrans negue alteração de planejamento no BRT depois que empresas cancelaram compra de ônibus diante da lentidão nas obras, montadoras advertem para risco de atraso

Bruno Freitas
Importação de componentes para a produção dos coletivos articulados está entre os itens que podem atrasar a liberação de veículos para BH - Foto: Bruno Freitas/EM/D.A Press 30/5/12


O temor dos consórcios que operam o transporte coletivo em Belo Horizonte quanto à demora para término das obras do BRT não altera o planejamento da BHTrans para o sistemaMesmo com o adiamento da compra do primeiro “pacotão” de coletivos para a principal aposta de mobilidade da capital para a Copa do Mundo’2014, a empresa que gerencia o trânsito na capital aposta no início de operação do modelo para o primeiro semestre do ano que vem e planeja um prazo curto, de no máximo seis meses, para que toda a frota de aproximadamente 400 coletivos seja produzida e entregue às empresasFabricantes de ônibus, por outro lado, alertam: a produção completa de um veículo nos moldes do novo sistema pode demorar até oito meses, dependendo da demanda do mercado.

Depois de o Estado de Minas ter revelado ontem que empresários decidiram suspender a primeira encomenda de 106 ônibus articulados e 160 do tipo padron para o BRT, com temor de que a frota fique parada nas garagens – diante dos atrasos nas obras dos corredores das avenidas Pedro I/Antônio Carlos, Cristiano Machado e Região Central – o presidente da BHTrans, Ramon Victor César, disse ontem em audiência pública na Câmara Municipal que o cronograma está mantidoSegundo ele, a compra dos veículos será feita em junho, em um processo financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)“Os empresários já entraram com a documentaçãoCom os pedidos formalizados na metade do ano, os primeiros coletivos deverão ser entregues em dezembro ou janeiro do ano que vem”, acredita.

Para que a nova frota do BRT comece a circular efetivamente, entretanto, serão necessários mais um ou dois mesesÉ o tempo destinado à fase de testes, que vai avaliar todas as especificações dos ônibus e das estações de transferência que têm sido construídas ao longo dos corredoresA distribuição das linhas do BRT ficará a cargo dos consórcios“A indústria já está preparada para fornecer esses ônibus em um prazo de seis mesesAté o fim do ano as obras do BRT estarão prontas”, reforçou Ramon Victor César – embora o próprio secretário municipal de Obras, José Lauro Nogueira Terror, tenha evitado se comprometer com a data, ontem, na Câmara.

A disponibilidade de pelo menos dois componentes indispensáveis à produção dos ônibus é outro fator preocupanteA articulação da carroceria e o câmbio automático, uma das especificações dos articulados de BH, são importados
Como todos os fabricantes têm o mesmo fornecedor, da Alemanha, essas peças poderiam acabar atrasando a produção, adianta o gerente de marketing da MAN Latin America, João Herrmann“Articulados são ônibus especiais, não os temos no estoqueA chegada das peças importadas acaba atrasando a produçãoDependendo da liberação na alfândega, um chassi (estrutura com motor, eixos e rodas) de ônibus pode demorar de 120 a 150 dias para ficar pronto”, aponta

A fabricação de ônibus depende ainda da fase de encarroçamento, quando os coletivos recebem a carroceria completaDiretor de operações comerciais da gaúcha Marcopolo, líder nesse mercado, Paulo Corso afirma que, depois do chassi, podem ser necessários até quatro meses para que os coletivos sejam finalizados“Somente a carroceria leva em média de 30 e 60 dias para ser produzidaPara que um BRT seja entregue no prazo, depende da demanda do mercadoSe as vendas estiverem aquecidas, pode demorar de 90 a 120 dias”, avisa.