“Todas as unidades têm trotes, marcados pelas redes sociais, e muitos acontecem até fora do câmpusEles fogem ao nosso controle”, admitiu a vice-reitora da UFMG, Rocksane de Carvalho Norton“Há um limite muito tênue entre o constrangimento e a aceitação do ato voluntário de um jovem, mas entendemos que qualquer um implica opressão”, acrescentouOntem, a Faculdade de Direito montou uma comissão para investigar os alunos que participaram do trote na instituiçãoTodas as informações sobre os estudantes serão consideradas e a apuração vai extrapolar aqueles que aparecem nas fotos, ou seja, todos que participaram do planejamento do trote serão investigados e poderão ser punidos“O trote certamente envolveu um número grande de pessoas”, disse RocksaneNas fotos, divulgadas por meio de rede social, uma jovem aparece pintada de preto e carrega placa onde se lê “Caloura Chica da Silva” e um grupo de estudantes faz saudação semelhante a dos nazistas ao lado de um calouro amarrado a uma pilastra – um dos alunos pintou um bigode parecido ao do ditador Adolf Hitler.
Segundo a vice-reitora, possivelmente os jovens que estão nas fotos já foram identificados
Trotes constantes Além da própria direção da UFMG, estudantes ouvidos pelo Estado de Minas relatam que os trotes continuamSó este ano, segundo alunos, pelo menos três turmas da Escola de Engenharia já desrespeitaram a regra que proíbe trote dentro da universidadeEstudantes de outros dois cursos afirmaram que trotes estavam programados para os próximos diasNa turma do 1° período do curso de engenharia de produção, alunos já foram pintados, fantasiados e tiveram de levar o material escolar em sacos de lixoA caloura Bárbara Luísa Silva Mendes, de 18 anos, presenciou os trotesEla conta que uma de suas maiores preocupações antes de entrar na universidade era a possibilidade de ser vítima de atitudes violentas“Sempre tive medo, porque via o que era feito em outros cursosSou muito sensível, choro fácil, e tinha receio de que fizessem alguma coisa que eu não gostasse”
Campanha O presidente do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia Renan Damazio reconhece que não ha controle sobre os trotesEle diz que o diretório realiza uma campanha no início de cada semestre com os alunos veteranos numa tentativa de inibir a realização de brincadeiras de mau gosto contra os calouros, mas que a organização é feita de forma independente pelos estudantes do 2° período“Não temos muito controle sobre isso, assim como a escola também não temEsse é um problema que está em toda a universidade”, observa.