Uma das denúncias de preconceito contra as mulheres foi feita pelo Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (Gudds), um coletivo que reúne militantes dos direitos humanos de diversas faculdadesO Gudds acusa a charanga da Faculdade de Direito de entoar músicas sexistas e de palavreado impublicável em todos os eventos, atacando alunas de outras faculdades de direito de Belo Horizonte“Vestibular que abre as pernas, Nova Lima é a casa dela, é casa , é casa, é casa da cadela” , essa é uma das estrofes de uma das músicas executadas pela charanga
Batizada de “Casa da Cadela”, a música é uma referência pejorativa e preconceituosa às alunas do curso da Faculdade de Direito Milton Campos, localizada em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo HorizonteO preconceito contra as mulheres é recorrente nas letras da charangaUma delas, de conteúdo impublicável, por causa das palavras de baixo calão, ataca mulheres negras e gordas e menospreza estudantes das faculdades de direito pagas, exaltando uma suposta superioridade dos alunos da UFMG
A reportagem tentou contato com integrantes da charanga, mas nenhum deles quis falarUm integrante do Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), que representa os alunos do direito da UFMG, e que não quis se identificar, confirmou a execução de músicas consideradas preconceituosas e disse que todos na faculdade conhecem as letras da charanga
Ano passado, essa e outras letras da banda foram alvo de nota de repúdio do Centro Acadêmico da Psicologia, que denunciou o teor preconceituoso e até agressivo das músicas“Essa sua burrice não vai da pra exorcizar, paga, PUC, PUC, paga”, diz uma música, enquanto outra ataca moralmente as mulheres: “cadela da Milton campos, late, late, late que eu to passando”Integrante do Gudds, Thiago Coacci, mestrando em ciência política da UFMG, disse que trotes preconceituosos, racistas e homofóbicos são frequentes e que a reitoria já foi alertada pelo grupo“O que a gente quer não é uma punição pontualO problema é mais grave, queremos que a UFMG adote uma política ampla de combate ao preconceito”, defende Thiago
Intolerância “Eu sou um cara estranho com uma arma, eu gosto de atirar em pessoas e matar é divertido”Esta frase, escrita em inglês, foi postada no Twitter por estudante que participou do trote na Faculdade de Direito da UFMG, apontado como fundador de um grupo de ultradireitaTambém foram divulgadas outros posts do universitário, que revelam um perfil com tendências totalitárias e de intolerância contra minoriasIntegrante do CAAP confirmou que o aluno é conhecido por suas posições radicais.
Em uma das denúncias publicadas no Facebook, o universitário aparece em uma rede social como integrante do Movimento Pátria Nossa, definido por ele como “um movimento nacionalista para brasileiros que amam o Brasil e defendem a tradição, a família, a pátria e os bons costumes”O grupo é ligado à organização italiana de extrema direita Tuttadestra
Em outro post, o jovem volta a falar sobre mortes"A espécie humana é indigna de vidaSe eu pudesse, escolheria cinco pessoas e deixaria o resto morrer de fome"Há ainda textos contra homossexuais, feministas e manifestações como a Marcha das VadiasImigrantes também não escaparam de comentários.