Jornal Estado de Minas

Empresária e estudante acusam militar de agressão; PM abre inquérito para apurar

A universitária Caroline de Souza Cruz Salomão estacionou em local proibido e na abordagem disse que foi agredida por um cabo da PM. A corporação afirma que Caroline a e mãe dela não aceitaram a remoção do veículo, que está com o IPVA atrasado desde 2009

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri
Uma confusão na Estação José Cândido, Região Leste de Belo Horizonte, revoltou uma família e repercutiu nas redes sociais esta semana
A empresária Mardele de Souza Cruz Salomão e a filha dela, a universitária Caroline de Souza Cruz Salomão, acusam um policial militar do Batalhão da Trânsito de agressão Na noite do último domingo, a estudante foi abordada pelo cabo da PM porque estacionou o carro em local proibido dentro do terminalA corporação mobilizou várias viaturas e levou presas mãe e filha, ação que foi filmada por frequentadores da estaçãoA PM afirma as mulheres agrediram o militar, pois não aceitaram a remoção do veículo, que está com o IPVA atrasado desde 2009

A psicóloga Fernanda de Souza Cruz Almeida, irmã de Mardele, relatou o que aconteceu na estação e acusou o militar de abusosSegundo ela, mãe e filha foram até a estação para levar a sobrinha Gabriela Souza Cruz para viajarA motorista Caroline, não encontrou sinalização na estação e entrou numa área proibida para carrosO ônibus já estava saindo, por isso Mardele desceu do carro com Gabriela para ela não perder a viagemEnquanto isso, Caroline permaneceu no carro, estacionada em local proibido e aguardando o retorno da mãe

Um segurança da estação viu a infração e pediu a intervenção policial
O cabo Divino Nascimento do BHTran foi até o carro, onde estava a motorista“O policial chegou abordando a Carol de forma agressiva pedindo a documentação e entrou no carro para tirar a CarolEla se explicou, mas ele não deu tempo para ouvir a menina, agredindo com chute e algemandoFoi um ato abusivo”, relata Fernanda

Quando percebeu a prisão, Mardele correu e abraçou a filha, sem entender o que estava acontecendoDe acordo com Fernanda, quando a irmã questionou a abordagem, o cabo da PM agrediu a empresária“O policial bateu em Mardele, que está com hematomasEla teve um corte na testa e tomou oito pontos”, relata

De acordo com a psicóloga, as duas foram algemadas e levadas de viatura para a delegacia na Rua Pouso Alegre, Região Leste de BH, antes mesmo do atendimento médico a MardeleA empresária sangrava muito e, mesmo assim, só foi encaminhada ao Hospital João XXIII mais tarde
O médico pediu que ela ficasse em observação, mas conforme Fernanda, a irmã foi encaminhada para outra unidade policial onde ficou com a filha até 7h de segunda-feiraAs duas prestaram depoimento, assim como o cabo envolvido na ocorrência

O tenente-coronel Roberto Lemos, comandante do BPTran, disse que o cabo verificou o documento do carro e quando percebeu os atrasos de imposto comunicou a Caroline que o veículo seria removidoO policial tentou tirar a chave da ignição, momento em que foi empurrado e estapeado pela motoristaA mãe, vendo aquela situação, também passou a agredir o militar

Pelo rádio, o cabo pediu reforço e várias viaturas chegaram na estaçãoDe acordo com o comandante, o ferimento na cabeça de Mardele foi provocado pelo rádio do militar, no momento em que ele tentou se desvencilhar das agressõesA PM abriu um inquérito policial para apurar o ocorridoSegundo o tenente-coronel, o militar evolvido tem boa conduta e nunca apresentou problemas na corporaçãoEle afirma que o cabo Divino está tranquilo sobre a versão dos fatos e que várias pessoas testemunharam a agressão ao PM

Revolta

Mardele e Carolina passaram pelo exame de corpo de delito e agora vão denunciar o policial por agressãoO advogado da família, Donaldo José de Almeida (marido de Fernanda), está providenciando um processo contra o cabo na Corregedoria da PMEle também vai levar o caso para a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pedindo o afastamento do militar

Enquanto isso, milhares de pessoas repercutem o vídeo nas redes sociais em apoio à mãe e filha“O governo não prepara e orienta o policialO papel da polícia é cuidar da segurançaQue segurança você tem com um animal dessa natureza? Isso pra mim é um psicopata”, desabafa FernandaA psicóloga acredita que as imagens vão ajudar nas apurações do que ela chamou de “abuso de poder”“São marginais que estão na rua de farda e arma em punho”, conclui

Repercussão

Pelo Facebook, Caroline comentou: “No momento fui abordada rispidamente pelo policial militar Cb Divino NascimentoEle mandou que eu estacionasse o veículo e saísse do mesmoObedeci e este mandou que eu lhe entregasse os documentosEntreguei minha CNH e tentei lhe falar que meu documento do veículo havia sido roubado em janeiro, se eu podia eu lhe passar o número do BO ou até mesmo pedir para alguém da minha família trazê-loEle simplesmente continuou me ignorando, andando em volta do carro, mesmo quando eu pedia pra ele me explicar por favor o que estava acontecendo e como ele iria proceder, se ele iria rebocar meu carro, já que precisaria pedir que alguém nos buscasseDe súbito ele entrou dentro do carro e retirou as chaves do veículoNeste momento eu disse: Moço, você não pode fazer isso não, me dá minha chave do carroEle entendeu isso como “resistência “, me deu um chute e me jogou em cima do capô torcendo meu braço para trás quase quebrando e me algemando”

A jovem recebeu centenas de mensagem de apoio: “que absurdo carol!”, “Espero que, na medida do possivel, vc e sua mae estejam bem! Lute por justica! Por vcs e por toda a população que não merece ficar a merce de pessoas assim...”, “Estou impressionado com a cena Carol..que anbsurdo! Espetacularizaram o negocio fizeram uma grande cena ridicula...Temos que denunciar mesmo...publicar ate cansar! “



Veja também o depoimento da empresária Mardele de Souza