Uma confusão na Estação José Cândido, Região Leste de Belo Horizonte, revoltou uma família e repercutiu nas redes sociais esta semana. A empresária Mardele de Souza Cruz Salomão e a filha dela, a universitária Caroline de Souza Cruz Salomão, acusam um policial militar do Batalhão da Trânsito de agressão. Na noite do último domingo, a estudante foi abordada pelo cabo da PM porque estacionou o carro em local proibido dentro do terminal. A corporação mobilizou várias viaturas e levou presas mãe e filha, ação que foi filmada por frequentadores da estação. A PM afirma as mulheres agrediram o militar, pois não aceitaram a remoção do veículo, que está com o IPVA atrasado desde 2009.
A psicóloga Fernanda de Souza Cruz Almeida, irmã de Mardele, relatou o que aconteceu na estação e acusou o militar de abusos. Segundo ela, mãe e filha foram até a estação para levar a sobrinha Gabriela Souza Cruz para viajar. A motorista Caroline, não encontrou sinalização na estação e entrou numa área proibida para carros. O ônibus já estava saindo, por isso Mardele desceu do carro com Gabriela para ela não perder a viagem. Enquanto isso, Caroline permaneceu no carro, estacionada em local proibido e aguardando o retorno da mãe.
Um segurança da estação viu a infração e pediu a intervenção policial. O cabo Divino Nascimento do BHTran foi até o carro, onde estava a motorista. “O policial chegou abordando a Carol de forma agressiva pedindo a documentação e entrou no carro para tirar a Carol. Ela se explicou, mas ele não deu tempo para ouvir a menina, agredindo com chute e algemando. Foi um ato abusivo”, relata Fernanda.
Quando percebeu a prisão, Mardele correu e abraçou a filha, sem entender o que estava acontecendo. De acordo com Fernanda, quando a irmã questionou a abordagem, o cabo da PM agrediu a empresária. “O policial bateu em Mardele, que está com hematomas. Ela teve um corte na testa e tomou oito pontos”, relata.
De acordo com a psicóloga, as duas foram algemadas e levadas de viatura para a delegacia na Rua Pouso Alegre, Região Leste de BH, antes mesmo do atendimento médico a Mardele. A empresária sangrava muito e, mesmo assim, só foi encaminhada ao Hospital João XXIII mais tarde. O médico pediu que ela ficasse em observação, mas conforme Fernanda, a irmã foi encaminhada para outra unidade policial onde ficou com a filha até 7h de segunda-feira. As duas prestaram depoimento, assim como o cabo envolvido na ocorrência.
O tenente-coronel Roberto Lemos, comandante do BPTran, disse que o cabo verificou o documento do carro e quando percebeu os atrasos de imposto comunicou a Caroline que o veículo seria removido. O policial tentou tirar a chave da ignição, momento em que foi empurrado e estapeado pela motorista. A mãe, vendo aquela situação, também passou a agredir o militar.
Pelo rádio, o cabo pediu reforço e várias viaturas chegaram na estação. De acordo com o comandante, o ferimento na cabeça de Mardele foi provocado pelo rádio do militar, no momento em que ele tentou se desvencilhar das agressões. A PM abriu um inquérito policial para apurar o ocorrido. Segundo o tenente-coronel, o militar evolvido tem boa conduta e nunca apresentou problemas na corporação. Ele afirma que o cabo Divino está tranquilo sobre a versão dos fatos e que várias pessoas testemunharam a agressão ao PM.
Revolta
Mardele e Carolina passaram pelo exame de corpo de delito e agora vão denunciar o policial por agressão. O advogado da família, Donaldo José de Almeida (marido de Fernanda), está providenciando um processo contra o cabo na Corregedoria da PM. Ele também vai levar o caso para a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pedindo o afastamento do militar.
Enquanto isso, milhares de pessoas repercutem o vídeo nas redes sociais em apoio à mãe e filha. “O governo não prepara e orienta o policial. O papel da polícia é cuidar da segurança. Que segurança você tem com um animal dessa natureza? Isso pra mim é um psicopata”, desabafa Fernanda. A psicóloga acredita que as imagens vão ajudar nas apurações do que ela chamou de “abuso de poder”. “São marginais que estão na rua de farda e arma em punho”, conclui.
Repercussão
Pelo Facebook, Caroline comentou: “No momento fui abordada rispidamente pelo policial militar Cb Divino Nascimento. Ele mandou que eu estacionasse o veículo e saísse do mesmo. Obedeci e este mandou que eu lhe entregasse os documentos. Entreguei minha CNH e tentei lhe falar que meu documento do veículo havia sido roubado em janeiro, se eu podia eu lhe passar o número do BO ou até mesmo pedir para alguém da minha família trazê-lo. Ele simplesmente continuou me ignorando, andando em volta do carro, mesmo quando eu pedia pra ele me explicar por favor o que estava acontecendo e como ele iria proceder, se ele iria rebocar meu carro, já que precisaria pedir que alguém nos buscasse. De súbito ele entrou dentro do carro e retirou as chaves do veículo. Neste momento eu disse: Moço, você não pode fazer isso não, me dá minha chave do carro. Ele entendeu isso como “resistência “, me deu um chute e me jogou em cima do capô torcendo meu braço para trás quase quebrando e me algemando”.
A jovem recebeu centenas de mensagem de apoio: “que absurdo carol!”, “Espero que, na medida do possivel, vc e sua mae estejam bem! Lute por justica! Por vcs e por toda a população que não merece ficar a merce de pessoas assim...”, “Estou impressionado com a cena Carol... que anbsurdo! Espetacularizaram o negocio fizeram uma grande cena ridicula...Temos que denunciar mesmo...publicar ate cansar! “