Desde dezembro, equipes se debruçam para tentar reverter um quadro de degradação formado por infiltrações, forro com risco de queda, pinturas descascadas, elementos artísticos descaracterizados, estrutura metálica corroída – resultados da ausência de reforma desde 1997A tentativa é de aproximar o coreto daquele inaugurado nas proximidades do ano de 1913Apesar de o Iepha considerar esse o ano de inauguração do monumento, especialistas afirmam não ser possível cravar a data de abertura.
O pavilhão foi construído depois da entrega oficial da praça, em 1897, que na época era nada mais que um aterro descampadoProjetado em 1906 pelo italiano Luiz Olivieri, o coreto é remanescente do primeiro projeto paisagístico da área“Antes, em frente ao coreto havia um jardim inglês com uma representação do Pico do Itacolomi”, conta a arquiteta Jô Vasconcellos, que chefiou o projeto de restauração da praça em 1991
Detalhes
Em estilo eclético, a estrutura metálica do monumento foi trazida da Europa e a base construída em alvenariaDebaixo da escadaria, uma parede preserva a pintura da épocaEssa é a referência para a equipe de restauro, chefiada agora por Maria Regina Ramos, refazer o desenho original com pigmento à base de cal que imita a textura e a cor de tijolinhos nas demais paredes, cobertas por tinta acrílica rosa, marrom e cinzaA pintura dos cunhais e vergas também devolveu às estruturas o aspecto de pedra.
Maria Regina conta que, inicialmente, a restauração estava restrita ao forro e à cobertura, mas o trabalho ganhou corpo e incluiu uma repaginada total do monumentoEsse resgate contou com técnicas como o corte estatigráfico, procedimento usado para detectar as várias camadas de tintas e cores em uma superfície“Os tons de prata das grades e mãos francesas estavam escondidos debaixo de uma tinta grafite, o corrimão estava completamente apodrecidoO portão, todo arrebentadoEstamos recuperando tudo”, detalha Maria ReginaO desafio ainda são as infiltrações que brotam do jardim no porão do coreto.
Espaço tradicional de cultura e lazer da cidade, o coreto guarda algumas peculiaridades
Orçada em R$ 194 mil, a restauração está sendo viabilizada por meio de termo de cooperação entre o Iepha, o Instituto Cultural do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG Cultural) e a Associação dos Notários e Registradores do Estado de Minas Gerais (Anoreg/MG)Em frente aos andaimes, frequentadores da praça esperam para a volta do coreto“É um espaço de encontro e quanto mais preservado, melhor”, diz Fátima Maria Ferreira, de 58 anos.