Paula Sarapu
Autoridades sanitárias do estado investigam mais uma morte associada à dengue hemorrágica, ocorrida neste fim de semana, desta vez em Sete Lagoas, na Região Central, a 70 quilômetros de Belo Horizonte. A Secretaria de Saúde do município confirmou que uma mulher, de 49 anos, morreu no Hospital Municipal Monsenhor Flávio da Mota, na noite de sábado. A vítima chegou à unidade passando muito mal, com sintomas compatíveis com os da doença, e foi encaminhada ao centro de terapia intensiva, mas não resistiu. O caso sob investigação se soma ao da paciente de 56 anos, moradora do Bairro Sagrada Família, na Região Leste de BH, que faleceu na quarta-feira no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Se confirmadas as duas suspeitas, o número de mortos neste ano chegará a 30 no estado.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Sete Lagoas, a cidade ainda não foi beneficiada com o teste rápido, um dos exames laboratoriais de baixo tempo para diagnosticar a dengue, mas o médico que atendeu a doméstica suspeitou de que ela possa ter contraído a doença. Os familiares foram avisados sobre a possibilidade. Amostras de sangue foram coletadas e serão encaminhadas à Fundação Ezequiel Dias (Funed), que está fazendo os exames necessários para confirmar ou descartar os casos suspeitos do estado.
As amostras do sangue da vítima de Belo Horizonte também estão sendo analisadas. Há possibilidade de a mulher ter contraído a doença no interior. Dias antes de começar a se queixar de febre e dores pelo corpo, ela visitou parentes em Corinto, também na Região Central do estado, sua cidade natal. Segundo o último levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, divulgado quinta-feira, a cidade ocupava a sexta posição no ranking de municípios com maior incidência de casos nas últimas quatro semanas, com 785 notificações no período. O relatório mostra ainda que Corinto também está entre as 30 cidades com a maior quantidade de casos notificados este ano, ocupando o 22º lugar, com 904 notificações.
Na terça-feira, a paciente foi atendida no posto de saúde da Avenida Petrolina, no Bairro Sagrada Família, tomou paracetamol e passou o dia no soro. Como o resultado do exame de sangue não ficou pronto a tempo, ela foi liberada por volta das 18h20. Segundo o marido da vítima, que pediu para não ser identificado, a mulher até acordou melhor, no dia seguinte, mas reclamou de dor na nuca e suor nas mãos. Ao voltar ao posto, descobriu que suas plaquetas estavam muito baixas. A paciente, que tomava remédio controlado para pressão alta, estava com a pressão muito baixa, o que levou a equipe médica a transferi-la para o Hospital João XXIII, no fim da tarde. Ela morreu na unidade às 20h25. O atestado de óbito aponta como causa da morte “choque hemorrágico de dengue”.
A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte não confirma oficialmente a causa da morte. Segundo a pasta, técnicos de epidemiologia avaliam laudos médicos, resultados de exames e histórico de passagem dos pacientes. Já a Funed informou que a amostra chegou ao laboratório na sexta-feira, com pedido de exames para febre hemorrágica, dengue e febre amarela, que ainda estão sob análise.
Hoje, o secretário de estado da Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, divulga dados sobre a campanha de incentivo ao uso de água sanitária no combate ao mosquito transmissor da doença. A primeira ação do tipo ocorreu no sábado, em Pedro Leopoldo, Grande BH, onde 13.300 litros do produto foram distribuídos. Em Minas, já foram notificados 123.694 casos de dengue, com 28 mortes confirmadas este ano.