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Estado de Minas

Complexo da Lagoinha é nó que nem a Copa vai desatar

Um dos maiores gargalos de tráfego de BH, emaranhado de viadutos não terá problemas solucionados com obras atuais. Desafio vai crescer com fechamento de alças ao trânsito de carros de passeio e ficará para depois de 2014


postado em 25/03/2013 06:00 / atualizado em 25/03/2013 07:28

Valquiria Lopes

 

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Frequentador da Lagoinha nos tempos da zona boêmia, dos botecos lotados de operários e imigrantes italianos e das tradicionais rodas de samba, o escritor e jornalista Wander Pirolli escreveu, em 1974, nas páginas do Estado de Minas: “Ninguém passa pela Lagoinha em vão”. Quase quatro décadas depois, a região, vizinha ao Centro de Belo Horizonte, se converteu em área decadente, de tráfego frenético, cortada por viadutos e alças e, mais que isso, um dos piores gargalos de tráfego da capital. Sem alternativas viárias nem transporte eficiente, cerca de 120 mil veículos trafegam pelo Complexo da Lagoinha todos os dias – pelo menos a metade deles “em vão”, contrariando o escritor. Esse fluxo não não deveria passar por ali, caso a cidade fosse desenhada com vias transversais ou tivesse transporte público mais eficiente, segundo o doutor em engenharia de transportes Frederico Rodrigues. O fato é que, do passado romântico e carregado de mitos ao presente de obstáculos para o trânsito, a região se tornou desafio para a Prefeitura de BH, que acena com mudanças. Porém, que não se engane quem imagina que as obras já em andamento, associadas ao sistema de transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês), vão desatar os nós do emaranhado de vias: algumas modificações passam a valer este ano, mas as principais só devem ser enfrentadas depois da Copa do Mundo de 2014.

Na lista de alterações estão medidas que acompanham a implantação do BRT, previsto para operar no início do ano que vem nos corredores das avenidas Antônio Carlos/Pedro I e Cristiano Machado. Para beneficiar a Antônio Carlos, o ramal Oiapoque do Viaduto A – uma das alças que passam ao lado da rodoviária, no sentido Centro/bairro – vai operar em mão dupla, exclusivamente para os coletivos. Com a nova modalidade de transporte, a expectativa é que os 523 ônibus que trafegam pelo corredor Antônio Carlos por manhã, por exemplo, sejam reduzidos para 296.

Mudanças mais significativas deverão ser sentidas no ramal Pedro II do Viaduto B, uma das principais ligações entre os bairros da Região Noroeste e o Centro da cidade. Em fase final de obras de alargamento, ele passará a funcionar em mão dupla e seu uso também será exclusivo para o novo sistema de transporte. A mudança vai ocorrer assim que o BRT da Pedro II, adiado para depois da Copa, começar a ser construído, no segundo semestre de 2014, afirma o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar.

Se com a interdição temporária para as obras no viaduto, que se repetiu neste fim de semana, moradores e comerciantes da região têm reclamado, quando a proibição para carros se tornar definitiva a reação contrária não deverá ser diferente. “O fechamento altera a vida de todo mundo. Antes, gastava cinco minutos para chegar ao Centro. Agora, levo quatro vezes mais, pelo menos”, afirma Fernanda Pimenta, de 33 anos, a maioria deles vivendo na Rua Peçanha, no Bairro Carlos Prates.

Alternativas viárias para quem parte da Pedro II e quer chegar ao Centro ainda estão em estudo. “Vamos mudar o trânsito no Bairro Bonfim para o motorista transpor o Ribeirão Arrudas e a linha do metrô pelo Viaduto Oeste (que liga as avenidas Nossa Senhora de Fátima e Contorno)”, explica o diretor de Operações da BHTrans, Edson Amorim. Outra opção seria passar pela lateral do Viaduto B, cruzar o Complexo da Lagoinha até a Antônio Carlos e retornar no primeiro viaduto em ferradura (Senegal). Uma terceira saída seria passar pelo mesmo caminho, mas acessar o Viaduto Leste e chegar ao Centro pela Rua Rio de Janeiro.

SEM TEMPO Como o BRT tem que ficar pronto para a Copa, obras que melhorariam a circulação no Complexo têm promessa de sair do papel apenas depois do mundial. É o caso do alargamento do Viaduto Leste, importante ligação das avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado com o Centro. Ele será ampliado em toda a extensão e ganhará um ramal que funcionará em mão dupla somente para o BRT. Mas, até lá, os ônibus do novo sistema trafegarão por faixa exclusiva no viaduto, junto dos demais veículos.

“Construiremos um viaduto novo, anexo ao Leste e exclusivo para o BRT. Em fase final, o projeto está inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, previsto para começar em 2014”, afirma o presidente da BHTrans. “Por enquanto, o BRT do corredor Cristiano Machado começa a operar com faixa exclusiva e dividindo espaço com os carros”, explica.

A implantação do Bulevar Arrudas – que consiste na cobertura do Ribeirão Arrudas –, no trecho entre as ruas Carijós (nas imediações do Barro Preto) e Rio de Janeiro (próximo ao Shopping Oiapoque), também ficará para depois. “A conclusão do bulevar nesse trecho é extremamente importante para aliviar o fluxo de cruzamento da área central”, explica o representante da BHTrans, referindo-se aos muitos carros que devem deixar de passar por áreas como as praças Sete e Raul Soares. A obra, quando se tornar realidade, deve facilitar também o movimento que hoje é feito somente pelo Complexo da Lagoinha. (Com Flávia Ayer)

(foto: ARTE EM)
(foto: ARTE EM)


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