Já é motivo de inveja o desempenho da equipe Uai, Sô! Fly!!! (coquetel mineirês/inglês), da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG), com seus protótipos de aviões em competições SAE AeroDesign East no país e no exteriorÉ uma galera de nove jovens que acaba de levantar o terceiro troféu internacional, na cidade de Forth Worth, no Texas (EUA)Para comemorar a premiação, a turma pulou sobre a pequena aeronave, uma tradição na modalidade, e a destruiu para não ter que arcar com os custos do transporte de volta ao BrasilSurpresos, viram os adversários, entre norte-americanos, canadenses, indianos, poloneses, mexicanos, venezuelanos e italianos, disputando os despojos para levá-los ao laboratório e tentar desvendar o segredo do sucesso mineiro
A Uai, Sô! Fly!!! está mandando ver e quem se diverte com o desespero dos rivais na luta para descobrir a tecnologia usada no pequeno avião, denominado Edson, é Jonathan Rodrigues, de 20 anos, um dos integrantes da equipe“Olhamos para trás e os caras estavam lá, catando os restosFoi engraçado.” Por que a aeronave vitoriosa e desmanchada na festa se chamava Edson? O jovem aluno da área espacial explica: “No ano passado, a equipe disputou a competição com um avião chamado FredNa montagem, antes da prova, as duas últimas letras sumiramFicou EdEste ano, juntamos às duas letras a palavra inglesa son (filho, em português) e ficou Edson, ou seja, o filho do Ed.” Só mesmo a cabeça de estudantes com idade entre 19 e 23 anos para pensar numa mistura tão curiosa
A equipe é orgulho para o Centro de Estudos Aeronáuticos da Escola de Engenharia da UFMG
Recorde
Mas não é fácil chegar láAlém do projeto, que deve seguir as normas exigidas pelo SAE Aerodesign East Competition, é preciso conseguir patrocinador“O Edson, entre a produção, construção, transporte ao Texas e montagem, custou cerca de R$ 40 milSem patrocínio seria difícil.” E valeu a penaAlém do troféu de campeão e o prêmio de US$ 1 mil, o aviãozinho de 3kg bateu o recorde mundial de transporte de peso ao voar com uma carga de 17,7kg
O Edson tinha 3,5m de envergadura – da ponta de uma asa à outra –, motor Magnum 61 XLS de 9,9 cilindradas, com rotação de trabalho de 2 mil a 16 mil rotações por minutoUsava como combustível 10% de nitro com 18% de óleo e era pilotado via rádio-controlePena que não voltou dos EUA para ser exibido como herói, mas deixou a esperança de dias melhores para os estudantes“A vitória representa um upgrade no currículo e o reconhecimento da universidade, dos patrocinadores e dos professores, além, é claro, da repercussão nas comunidades universitárias do exterior que estiveram representadas na competição”, afirma Jonathan.
Como a fila anda, outra turma já se prepara para substituir a atual na Uai, Sô! Fly!!! com a missão de manter a vitóriaEntre os integrantes da nova equipe está a aluna da área aeroespacial Brunny Chalar, de 21Será a capitã, papel desempenhado por Rodrigo Gonçalves na última conquista nos EUAE ela não foge aos chavões usados pelos jogadores de futebol ao falar de sua expectativa“Aceitei o desafio de ser a capitã e vou dar o melhor de mim para ajudar a levar a equipe a outras conquistas.” Que seja feliz!
SAIBA MAIS: DESAFIO PARA ESTUDANTES
O Projeto SAE Aerodesign é um desafio para alunos de engenhariaSeu objetivo é incentivar a difusão e intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e profissionais de engenharia de mobilidade futuras por meio de aplicações práticas e da competição entre equipesAo participar do Projeto SAE Aerodesign o aluno está envolvido no desenvolvimento de um projeto real no mundo da aviação desde a sua concepção, detalhe de projeto, construção e testesNo Brasil, o projeto é conhecido como Competição SAE Brasil AerodesignOs participantes devem formar equipes que representem uma instituição de ensino superior da qual fazem parteEssas equipes são desafiadas a cada ano com novas regras baseadas em desafios reais enfrentados pela indústria da aviação.