Em meio à epidemia de dengue enfrentada por Belo Horizonte, uma das maiores preocupações dos moradores são os terrenos e imóveis abandonados, onde entulho e lixo podem favorecer o acúmulo de água e se tornar criatórios para o mosquito Aedes aegypti. Neste ano, apesar de a situação ser alarmante, a Vigilância Sanitária pediu a entrada forçada em apenas um desses endereços, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O número é inferior ao de 2012, quando foram feitos dois pedidos, apesar de a quantidade de casos notificados naquele ano (9.419) ser 85% inferior à registrada em 2013 (17.510, de acordo com balanço da Secretaria Estadual de Saúde). Em 2011, quando houve 16.215 notificações, foram feitos 31 pedidos.
A entrada forçada em imóveis fechados é adotada “quando esgotadas todas as tentativas possíveis” de visita a eles, segundo nota emitida pela SMS. O dono do imóvel é multado em R$ 7.251. Até ontem, a secretaria não havia indicado ninguém para explicar o fato de esse recurso ter sido pedido apenas uma vez neste ano.
Na Regional Leste, que lidera em número de casos, não são apenas os imóveis abandonados fechados que preocupam. Alguns dos que estão abertos também ameaçam ajudar na proliferação da dengue. É o caso de uma edificação arruinada na Rua Major Barbosa, no Bairro Santa Efigênia. No chão de uma pequena sala, uma larga poça de água, já esverdeada pela presença de lodo, aumenta com as goteiras constantes. Na frente, perto da calçada, há água acumulada em copos plásticos e até em um paralama de moto. A situação se repete no quintal dos fundos, em baldes e tampas de metal. “Já reclamamos muito com a prefeitura”, queixa-se o síndico de um edifício situado em frente ao imóvel vazio, o administrador de empresas Adalberto Santana, de 50 anos. “Tem ratazanas, escorpião, barata, além do mosquito da dengue. Isso aí é um criadouro gigante”, diz.
A Regional Leste informou, por meio da assessoria de imprensa, que o proprietário do imóvel foi notificado e autuado várias vezes desde março de 2012. Ele recebeu multas de R$ 1.581,70 e R$ 596,23, por não ter, respectivamente, limpado e cercado o local. Ele também deve arcar com os custos do serviço realizado pela Superintendência de Limpeza Urbana, que limpou o imóvel no ano passado, segundo a regional. A Gerência de Controle de Zoonoses da regional se comprometeu a visitar o local ainda nesta semana.