As obras do sistema de transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês) voltaram ao ritmo normal e, segundo garantiu ontem o prefeito Marcio Lacerda, os ônibus começam a circular em fevereiro de 2014. Depois de dificuldades enfrentadas a partir do fim do ano passado, o pique das intervenções em avenidas foi retomado, em movimento já percebido por moradores e trabalhadores dessas áreas.
“O prazo de início de operação do BRT para fevereiro de 2014 é perfeitamente viável”, afirmou o prefeito. “O ritmo de trabalho tanto na Pedro I/Antônio Carlos quanto na Cristiano Machado foi retomado. Todos os problemas de projeto, financiamento, de repasse, foram resolvidos. Não há falta de recursos, falta de projetos, apenas empresas interessadas em cumprir conosco todos os compromissos”, acrescentou.
Na Avenida Pedro I, a pista exclusiva do BRT foi concluída no trecho entre a Avenida Portugal e a Rua Carmo do Paranaíba. No cruzamento com a Rua Montese, operários trabalham na demolição de imóveis para construção de um viaduto. “O serviço está mais acelerado agora”, disse um operário. Na Pedro I, parte das desapropriações ainda precisa ser concluída.
Para especialistas e representantes de empresas, há tempo hábil para cumprir prazos do BRT. Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), Alberto Salum, o prazo dado pela prefeitura é suficiente. “A obra tem uma previsão de acabar que é cabível. No BRT, o principal gargalo é a desapropriação na Pedro I. Ali deve demorar um pouco mais”, afirmou. Salum disse que, apesar dos problemas no fim do ano passado, os consórcios se organizaram para não haver paralisação. “As empresas estão preparadas e têm condição de acelerar mais o ritmo, caso haja necessidade”, afirmou.
Silvestre de Andrade Puty Filho, consultor em transportes e trânsito, também avalia que o desafio maior é a Pedro I, mas considera que a estrutura do BRT na Antônio Carlos, Cristiano Machado e na área central pode ficar pronta antes do prazo. “O prazo é possível, talvez com exceção da Pedro I, que é o mais crítico a ser enfrentado pela prefeitura”, opinou. Para Silvestre, não há indícios, no momento, de que os consórcios precisarão aumentar o número de funcionários ou a carga horária para concluir as obras no prazo.
TESTES A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que a previsão é entregar as obras em dezembro para início dos testes dos ônibus. O acordo para o novo prazo foi feito entre engenheiros da Sudecap e as empreiteiras. Assim que a obra ficar pronta, a BHTrans assume a operação. Segundo a empresa, se o prazo das obras for cumprido, a previsão é entregar o BRT para a população em fevereiro. Os dois meses de testes, segundo a BHTrans, são suficientes. Sabe-se que, no primeiro momento, a empresa vai examinar o funcionamento dos ônibus e treinar os operadores sobre os locais de parada e o novo sistema. A segunda parte dos testes está sendo definida, mas deve envolver, de acordo com a BHTrans, públicos específicos, como associações de bairros, idosos, pessoas com dificuldade de locomoção. Os testes incluirão ainda linhas de ônibus menores para avaliar a integração.
O prefeito Marcio Lacerda também descartou ontem a possibilidade de atrasos na entrega da nova frota – principalmente de 192 ônibus articulados –, embora os consórcios tenham adiado as primeiras compras. "O prazo de seis meses de entrega é razoável e são chassis já testados em Belo Horizonte. Naturalmente, são centenas de milhões de reais de investimento financiados pelo BNDES por intermédio do BDMG. Como bons empresários, eles estão calibrando essa encomenda para que ela não chegue antes do prazo para as adaptações necessárias e colocação em operação", comentou. Outros 200 ônibus do tipo padron estão previstos para compor o BRT da capital, enquanto o BRT metropolitano terá um total 286 veículos (139 articulados e 147 padrons). Somente em BH, o sistema transportará 750 mil usuários/dia.