Jornal Estado de Minas

Conselho Nacional repudia trote na UFMG e exige resposta da instituição de ensino

O CNPIR considerou o trote "episódios de racismo e violência contra a população negra" que remete à "recorrente de menosprezo e depreciação da mulher negra"

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

- Foto: Reprodução Facebook

O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) divulgou nesta segunda-feira uma moção de repúdio ao trote polêmico na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e exigiu que a instituição de ensino tome as medidas cabíveis para apuração e penalização dos responsáveisO caso ganhou repercussão nacional no fim de março deste ano, com duas fotos divulgadas em um perfil no Facebook que mostram uma estudante com o corpo pintado com tinta preta, acorrentada e puxada por um veteranoEla ostenta uma placa com os dizeres “caloura Chica da Silva”, em referência à famosa escrava que viveu em Diamantina no século 18, liberta após se envolver com um contratador de diamantesEm outra foto, um calouro está amarrado a uma pilastra enquanto outros três estudantes fazem uma saudação nazistaUm deles pintou um bigode semelhante ao do ditador alemão Adolf Hitler

No documento publicado no Diário Oficial da União (DOU) o conselho “vem a público manifestar absoluto absoluto repúdio aos injustificáveis episódios de racismo e violência contra a população negra, especialmente contra as mulheres e a juventude, ocorridos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por ocasião da "recepção a calouros" do Curso de Direito da referida Universidade”

O CNPIR considerou que a fotos dos estudantes “remete-nos à prática recorrente de menosprezo e depreciação da mulher negra”Além disso destacou que “ a situação oportuniza a observação de diferentes elementos da ação racista, discriminatória: a depreciação da imagem da pessoa negra, que é representada como objeto de escárnio e menosprezo; a inferiorização e desumanização da estudante negra, pintada de piche e puxada pelo aluno branco por uma corrente atada ao pescoço da escrava.”

Por fim o conselho cobrou uma ação efetiva da universidade: “considerando ainda que o Racismo é um crime inafiançável, o CNPIR exige que a UFMG tome as medidas cabíveis para a apuração e penalização dos responsáveis pelo ato de racismo cometido em uma de suas unidades de ensinoDa mesma forma, exigimos as devidas informações sobre as medidas adotadas por essa instituição para que tais práticas criminosas não se repitam”Veja o documento na íntegra. Também no DOU de hoje o conselho repudiu ações do deputado Marco Feliciano

A moção do repúdio é um posicionamento oficial do órgão sobre o trote e ficará a cargo da UFMG dar uma respostaNão há qualquer efeito de punição

A universidade informou que está tomando conhecimento da moção e vai se pronunciar em breve