Antônio Donato Baudson Peret, de 24 anos, que na última sexta-feira (dia 5) postou uma fotografia dele numa rede social se identificando como skinhead e tentando enforcar um morador de rua com uma corrente, na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, responde a três processos na Justiça por crimes contra homossexuais, e a situação dele pode piorarO Ministério Público Estadual (MPE) começou a analisar ontem um pedido de providências contra Baudson Peret, encaminhado pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável (CNDDH)
A Polícia Civil está levantando a participação do suspeito em crimes de agressão contra gays e moradores de rua atribuídos a um grupo de skinheads que ataca na Savassi e na Praça da Liberdade, na mesma região da capitalAntônio Donato Baudson Peret foi visto pela última vez no sábado, quando deixava o prédio em que mora, no Bairro Santo Antônio, levando uma malaNa madrugada de domingo, o muro do edifício foi pichado com ameaças e com ele sendo chamado de nazista.
“É um caso que demonstra extremo preconceito e desrespeito e precisa ser apuradoDevemos combater esse tipo de situação e viver numa sociedade em que todas as pessoas sejam respeitadas com dignidade”, disse a advogada da CNDDH, Maria do Rosário de Oliveira CarneiroSegundo ela, uma equipe está tentando localizar o morador de ruaO MPE informou que vai analisar o teor da representação e adotar as medidas cabíveis
De acordo com a Polícia Civil, Antônio Donato já se envolveu em três ocorrências de agressão contra homossexuaisO caso mais grave ocorreu em 7 de setembro de 2011, quando ele, então com 23 anos, foi preso com um adolescente de 17 por espancar com chutes e soco inglês um casal gay na Praça da LiberdadeUma das vítimas
Em 15 de abril de 2011, Donato e outros três rapazes se envolveram em outro crime de lesão corporal ao atacar um adolescente de 16 anos na Avenida Getúlio Vargas, na SavassiO garoto disse que foi agredido sem motivo algum, com socos na barriga e na bocaO caso foi levado ao Juizado Especial CriminalOs comparsas de Peret aceitaram uma transação penal e pagaram três meses de prestação de serviços gratuitos à comunidade, por injúria, ameaça e lesão corporal
TESTEMUNHAS Comerciantes da Savassi contam que já presenciaram várias agressões cometidas por DonatoO dono de um bar lembra que às 15h de um sábado o acusado e dois rapazes tomavam cerveja e saíram correndo atrás de dois gays na Rua Tomé de Souza, para bater“Eles sempre estão querendo bater em alguém e não perdoam nem hippieO papo deles é só de briga, de luta marcial”, disse o comercianteEle conta que, quando houve o ataque dos gays na Praça da Liberdade, Donato e outros rapazes tentaram se esconder em seu bar, mas foram postos para fora e presos pela PM.
Vizinhos de Donato também estão assustados“Acho um absurdo existir uma pessoa com esse tipo de comportamento”, disse a estudante Micheline Gurian“Isso não é um ser humano”, reagiu a analista de sistemas Amanda Sena, de 39“O mundo está ficando doidoEu não sabia que podia haver alguém assim como ele”, disse a publicitária Renata De Laura, de 59O grupo de Donato é acusado de também aterrorizar locais frequentados por gays na SavassiEm um vídeo postado na comunidade Anarquistas Ensinam, vários deles aparecem dançando e fazendo símbolos nazistas, todos usando calças camufladas, suspensórios e com a cabeça raspada.