Antônio Donato Baudson Peret, de 24 anos, que na última sexta-feira (dia 5) postou uma fotografia dele numa rede social se identificando como skinhead e tentando enforcar um morador de rua com uma corrente, na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, responde a três processos na Justiça por crimes contra homossexuais, e a situação dele pode piorar. O Ministério Público Estadual (MPE) começou a analisar ontem um pedido de providências contra Baudson Peret, encaminhado pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável (CNDDH).
A Polícia Civil está levantando a participação do suspeito em crimes de agressão contra gays e moradores de rua atribuídos a um grupo de skinheads que ataca na Savassi e na Praça da Liberdade, na mesma região da capital. Antônio Donato Baudson Peret foi visto pela última vez no sábado, quando deixava o prédio em que mora, no Bairro Santo Antônio, levando uma mala. Na madrugada de domingo, o muro do edifício foi pichado com ameaças e com ele sendo chamado de nazista.
“É um caso que demonstra extremo preconceito e desrespeito e precisa ser apurado. Devemos combater esse tipo de situação e viver numa sociedade em que todas as pessoas sejam respeitadas com dignidade”, disse a advogada da CNDDH, Maria do Rosário de Oliveira Carneiro. Segundo ela, uma equipe está tentando localizar o morador de rua. O MPE informou que vai analisar o teor da representação e adotar as medidas cabíveis.
Em 15 de abril de 2011, Donato e outros três rapazes se envolveram em outro crime de lesão corporal ao atacar um adolescente de 16 anos na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi. O garoto disse que foi agredido sem motivo algum, com socos na barriga e na boca. O caso foi levado ao Juizado Especial Criminal. Os comparsas de Peret aceitaram uma transação penal e pagaram três meses de prestação de serviços gratuitos à comunidade, por injúria, ameaça e lesão corporal. Como Antônio Donato não aceitou, seu caso ainda está para ser julgado. A última audiência foi em 19 de março. O terceiro crime foi em 5 de janeiro de 2009, também na Savassi, e teve como vítima um homossexual de 19 anos. O processo foi arquivado sem ser julgado, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça.
TESTEMUNHAS Comerciantes da Savassi contam que já presenciaram várias agressões cometidas por Donato. O dono de um bar lembra que às 15h de um sábado o acusado e dois rapazes tomavam cerveja e saíram correndo atrás de dois gays na Rua Tomé de Souza, para bater. “Eles sempre estão querendo bater em alguém e não perdoam nem hippie. O papo deles é só de briga, de luta marcial”, disse o comerciante. Ele conta que, quando houve o ataque dos gays na Praça da Liberdade, Donato e outros rapazes tentaram se esconder em seu bar, mas foram postos para fora e presos pela PM.
Vizinhos de Donato também estão assustados. “Acho um absurdo existir uma pessoa com esse tipo de comportamento”, disse a estudante Micheline Gurian. “Isso não é um ser humano”, reagiu a analista de sistemas Amanda Sena, de 39. “O mundo está ficando doido. Eu não sabia que podia haver alguém assim como ele”, disse a publicitária Renata De Laura, de 59. O grupo de Donato é acusado de também aterrorizar locais frequentados por gays na Savassi. Em um vídeo postado na comunidade Anarquistas Ensinam, vários deles aparecem dançando e fazendo símbolos nazistas, todos usando calças camufladas, suspensórios e com a cabeça raspada.