Em uma situação de epidemia, a dengue não escolhe alvo e coloca na lista de mortos pessoas aparentemente saudáveis e fora das faixas etárias consideradas mais vulneráveis – abaixo dos 2 anos e acima dos 65. Por isso, médicos alertam que o tratamento rápido e correto é fundamental para que a doença na forma clássica não evolua para complicações ou hemorragia. Dos 38 óbitos confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde em Minas, 26 são de pessoas de 4 a 60 anos. Fora do balanço oficial, outras mortes são investigadas, a maioria também fora do chamado grupo de risco.
A dengue provoca desidratação excessiva no organismo, diante de sintomas como febre alta, diarreia e vômito, que são formas de perda de líquido. A indicação é que, aos primeiros sinais, a pessoa procure um médico. Quem não conseguir repor o que for perdido durante o período de manifestação da doença – entre três e sete dias – com água, sucos, chás ou isotônicos tem risco de complicações e precisa receber soro intravenoso. O cálculo é que um adulto em tratamento tenha que ingerir entre 60 e 80 mililitros de líquido por dia para cada quilo, ou seja, em torno de cinco litros. Para uma criança de até 10 quilos, a média é de 100ml por quilo diariamente, para que o organismo não sofra mais agressões.
O infectologista Carlos Alessandro Plá Bento explica que o organismo debilitado entra em um estado de depressão imunológica, em que uma infecção pode se tornar mais agressiva, causando danos que podem levar ao óbito. Ele lembra que, no caso da dengue, não é só a hemorragia que mata. Tanto que, dos diagnósticos confirmados, apenas 10 são por febre hemorrágica. Os outros 28 foram por complicações da doença. “Nem sempre a forma grave vai se manifestar por hemorragia. A perda de fluido pode acarretar queda da pressão arterial e um quadro de choque, com morte. Qualquer pessoa que não conseguir se hidratar bem pode ter complicações que levam à morte”, afirmou o médico do Hospital Eduardo de Menezes.