Os tipos graves da dengue continuam a matar em todo o estado e podem ser responsáveis pela morte de quatro pessoas em apenas 48 horasOntem, o Hospital Odilon Behrens, em Belo Horizonte, confirmou a morte de uma moradora de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com diagnóstico de dengue hemorrágicaGlaucimara da Silva Siqueira, de 21 anos, deu entrada na unidade em 29 de março, depois de não reagir ao tratamento iniciado no Posto de Atendimento São Benedito, na cidade onde viviaSegundo o laudo médico, ela morreu na manhã de terça-feira devido a insuficiência respiratória associada à forma mais grave da dengueEm Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, outras duas mortes que também seriam associadas ao tipo hemorrágico são investigadasNa segunda-feira, uma idosa, que não teve a identidade revelada, morreu no Pronto-Socorro RegionalO outro óbito, de uma mulher de 41 anos, moradora de Nova Serrana, foi registrado na terça-feira na mesma instituição
Também na terça, o Hospital Regional de Contagem confirmou a morte da jovem Glaubiane Teixeira Gomes, de 27 anosA vítima foi sepultada ontem, no Cemitério Bom Jesus, na cidade, onde é possível observar vários vasos de plantas cheios de água, favorecendo a proliferação do transmissor da doençaO óbito será analisado pela Secretaria de Estado da Saúde e, assim como os casos de Santa Luzia e Divinópolis, além de duas mortes suspeitas em Teófilo Otoni, ainda não entrou nas estatísticas oficiais, que somam 38 óbitos e podem saltar para 44.
Caso o diagnóstico da morte de Glaucimara seja confirmado, será o segundo caso fatal de dengue em Santa Luzia, pois no fim de março um menino de 4 anos morreu com febre hemorrágicaAs providências da Secretaria Municipal de Saúde para conter a epidemia que atinge a cidade parecem não surtir efeito e a população sofre com a multiplicação acelerada de casos
"Não temos registro de um surto tão absurdo quanto este", afirma o diretor administrativo do Posto de Atendimento São Benedito, Rodrigo Inácio Alves GazetoO centro de saúde, que fica na região mais populosa da cidade, tem enfrentado problemas com a falta de espaço para receber os doentesDesde que os casos começaram a se multiplicar, bancos foram colocados do lado de fora da unidade para acomodar quem aguarda o momento de passar pela triagemSegundo o diretor, as macas e cadeiras da tenda usada para hidratação dos pacientes permanecem lotadas na maior parte do dia
MAL-ESTAR A situação é semelhante no Posto SedeCom fortes dores no corpo e cabeça, Raiane Estefânia de Oliveira, de 16, foi à unidade em busca de tratamentoCom a voz fraca, a estudante permaneceu deitada ao colo da tia enquanto esperava pela triagem"Acredito que seja dengue, porque tive febre e estou com muita dor no corpo e atrás dos olhos", reclama
Na tenda montada ao lado da unidade para hidratação dos doentes, a aposentada Ataíde Joanes, de 73 anos, aguardava na maca enquanto o soro era aplicadoOs fortes sintomas surgiram no domingo e provocaram vômitos e dores intensas na cabeça e olhos"Não estou conseguindo nem mexer a cabeça", contouPara o paciente Éder Douglas Fernandes, de 41, o problema não é a qualidade do atendimento, mas a superlotação das unidades"E o pior é que os culpados somos nós mesmos, que não cuidamos para evitar os focos", disse.
Multiplicação de doentes no interior
Em Nova Serrana, no Centro-Oeste, repete-se o quadro enfrentado por várias cidades mineiras que lutam contra a epidemiaA cidade teve 1.768 casos notificados e 82 confirmadosSegundo a supervisora de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde, Solange dos Santos Dellavale, 90% dos focos estão dentro das residências"Ficamos muito tristes com essa notícia da morte de uma moradoraÉ um óbito que poderia ter sido evitadoTemos feito mutirões de limpeza, usado o fumacê, mas sem a colaboração da população não há como colocar um fim nessa epidemia".
No Triângulo Mineiro, moradores da pequena Veríssimo ainda tentam se recuperar do que consideram a pior epidemia da história do municípioCom cerca de 4 mil habitantes, a cidade permanece no topo do ranking das de maior incidência de contaminação pelo vírus da dengue, com 491 notificações, segundo o último balanço do estadoPara o secretário municipal de Saúde, Delfino José Neto, o pior já passou, mas Veríssimo viveu momentos de caos nos primeiros meses do ano"Em fevereiro, chegávamos a notificar 15 casos por diaHoje esse número não chega a 10 por semana", afirmaSem hospital e contando apenas com um ambulatório e uma unidade básica, o município sofreu principalmente com os casos importados da vizinha Uberaba, que fica a 40 quilômetros"Cerca de 400 pessoas vão diariamente para lá e tivemos de lidar com todas as contaminaçõesGastávamos cerca de 80 ampolas de analgésico por dia, quando normalmente não passávamos de 100 por semana", compara(Colaborou Simone Lima)