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Estado de Minas

Quatro mortos pela dengue em 48 horas

Apenas entre segunda e terça-feira houve quatro óbitos associados à dengue: dois na Região Metropolitana de BH e dois no Centro-Oeste de Minas. Total pode chegar a 44


postado em 11/04/2013 06:00 / atualizado em 11/04/2013 06:58

Corpo de mulher que morreu com sintomas foi sepultado em cemitério de Contagem, onde vasos favorecem reprodução do mosquito(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
Corpo de mulher que morreu com sintomas foi sepultado em cemitério de Contagem, onde vasos favorecem reprodução do mosquito (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

Os tipos graves da dengue continuam a matar em todo o estado e podem ser responsáveis pela morte de quatro pessoas em apenas 48 horas. Ontem, o Hospital Odilon Behrens, em Belo Horizonte, confirmou a morte de uma moradora de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com diagnóstico de dengue hemorrágica. Glaucimara da Silva Siqueira, de 21 anos, deu entrada na unidade em 29 de março, depois de não reagir ao tratamento iniciado no Posto de Atendimento São Benedito, na cidade onde vivia. Segundo o laudo médico, ela morreu na manhã de terça-feira devido a insuficiência respiratória associada à forma mais grave da dengue. Em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, outras duas mortes que também seriam associadas ao tipo hemorrágico são investigadas. Na segunda-feira, uma idosa, que não teve a identidade revelada, morreu no Pronto-Socorro Regional. O outro óbito, de uma mulher de 41 anos, moradora de Nova Serrana, foi registrado na terça-feira na mesma instituição.

Também na terça, o Hospital Regional de Contagem confirmou a morte da jovem Glaubiane Teixeira Gomes, de 27 anos. A vítima foi sepultada ontem, no Cemitério Bom Jesus, na cidade, onde é possível observar vários vasos de plantas cheios de água, favorecendo a proliferação do transmissor da doença. O óbito será analisado pela Secretaria de Estado da Saúde e, assim como os casos de Santa Luzia e Divinópolis, além de duas mortes suspeitas em Teófilo Otoni, ainda não entrou nas estatísticas oficiais, que somam 38 óbitos e podem saltar para 44.

Caso o diagnóstico da morte de Glaucimara seja confirmado, será o segundo caso fatal de dengue em Santa Luzia, pois no fim de março um menino de 4 anos morreu com febre hemorrágica. As providências da Secretaria Municipal de Saúde para conter a epidemia que atinge a cidade parecem não surtir efeito e a população sofre com a multiplicação acelerada de casos. Entre os dias 2 e 9, o município teve aumento de 81,8% do número de notificações da doença, que saltaram de 2.093 para 3.075 casos suspeitos. A situação já é a mais grave da história do município, conforme relatos de profissionais da saúde.

Vasos favorecem reprodução do mosquito em cemitério em Contagem(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
Vasos favorecem reprodução do mosquito em cemitério em Contagem (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

"Não temos registro de um surto tão absurdo quanto este", afirma o diretor administrativo do Posto de Atendimento São Benedito, Rodrigo Inácio Alves Gazeto. O centro de saúde, que fica na região mais populosa da cidade, tem enfrentado problemas com a falta de espaço para receber os doentes. Desde que os casos começaram a se multiplicar, bancos foram colocados do lado de fora da unidade para acomodar quem aguarda o momento de passar pela triagem. Segundo o diretor, as macas e cadeiras da tenda usada para hidratação dos pacientes permanecem lotadas na maior parte do dia.

MAL-ESTAR
A situação é semelhante no Posto Sede. Com fortes dores no corpo e cabeça, Raiane Estefânia de Oliveira, de 16, foi à unidade em busca de tratamento. Com a voz fraca, a estudante permaneceu deitada ao colo da tia enquanto esperava pela triagem. "Acredito que seja dengue, porque tive febre e estou com muita dor no corpo e atrás dos olhos", reclama. O pai do menino Arthur Felipe Alves Carvalho, de 6 anos, aguardava atendimento para o filho com sintomas semelhantes. “Ele amanheceu com 38 graus de febre e com muita dor no corpo e cabeça. Tudo indica que seja dengue”, acredita André Luiz Carvalho.

Na tenda montada ao lado da unidade para hidratação dos doentes, a aposentada Ataíde Joanes, de 73 anos, aguardava na maca enquanto o soro era aplicado. Os fortes sintomas surgiram no domingo e provocaram vômitos e dores intensas na cabeça e olhos. "Não estou conseguindo nem mexer a cabeça", contou. Para o paciente Éder Douglas Fernandes, de 41, o problema não é a qualidade do atendimento, mas a superlotação das unidades. "E o pior é que os culpados somos nós mesmos, que não cuidamos para evitar os focos", disse.

Multiplicação de doentes no interior

Em Nova Serrana, no Centro-Oeste, repete-se o quadro enfrentado por várias cidades mineiras que lutam contra a epidemia. A cidade teve 1.768 casos notificados e 82 confirmados. Segundo a supervisora de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde, Solange dos Santos Dellavale, 90% dos focos estão dentro das residências. "Ficamos muito tristes com essa notícia da morte de uma moradora. É um óbito que poderia ter sido evitado. Temos feito mutirões de limpeza, usado o fumacê, mas sem a colaboração da população não há como colocar um fim nessa epidemia".

No Triângulo Mineiro, moradores da pequena Veríssimo ainda tentam se recuperar do que consideram a pior epidemia da história do município. Com cerca de 4 mil habitantes, a cidade permanece no topo do ranking das de maior incidência de contaminação pelo vírus da dengue, com 491 notificações, segundo o último balanço do estado. Para o secretário municipal de Saúde, Delfino José Neto, o pior já passou, mas Veríssimo viveu momentos de caos nos primeiros meses do ano. "Em fevereiro, chegávamos a notificar 15 casos por dia. Hoje esse número não chega a 10 por semana", afirma. Sem hospital e contando apenas com um ambulatório e uma unidade básica, o município sofreu principalmente com os casos importados da vizinha Uberaba, que fica a 40 quilômetros. "Cerca de 400 pessoas vão diariamente para lá e tivemos de lidar com todas as contaminações. Gastávamos cerca de 80 ampolas de analgésico por dia, quando normalmente não passávamos de 100 por semana", compara. (Colaborou Simone Lima)


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