Ainda no rescaldo das discussões sobre o trote controverso da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), centenas de estudantes, professores e pessoas interessadas no tema assistiram ontem a uma palestra da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário. O evento fez parte da campanha promovida pela reitoria, “Trote não é legal”. A ministra reiterou sua posição de repúdio a atitudes homofóbicas e racistas e destacou que o debate sobre esse trote pode orientar o sistema educacional de todo o país no enfrentamento a essas questões. “O principal é que a universidade está fazendo essa reflexão, ela está repercutindo em todo o Brasil, e o Brasil mostrou que também não aceita isso”, afirmou.
A ministra Maria do Rosário pediu celeridade e seriedade na apuração do episódio ocorrido em 12 de março. A comissão de sindicância formada pela UFMG deve divulgar pelo menos um parecer sobre o trote na semana que vem, mas pode adiar por um mês a conclusão de seus trabalhos. Muito aplaudida, ela disse que é necessário repensar os valores que os trotes propagam no Brasil e disse ser preciso dar outro significado a esses ritos de passagem, para que atitudes como a dos estudantes presentes nesse caso não sejam encaradas com normalidade.
A vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton explicou que os trotes já são proibidos e que a universidade lançou a campanha contra eles antes do episódio da Faculdade de Direito, que ocorreu poucos dias depois. “Esse trote foi muito emblemático porque tocou em assuntos muito caros na sociedade brasileira”, disse ela. O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Jorge Mairink, de 21 anos, afirmou que a entidade repudia todas as atitudes racistas e homofóbicas ocorridas no trote e está atenta para que todos os envolvidos sejam punidos de forma justa.