O Código de Posturas da capital, documento que regula o uso do espaço público, permite as mesas e cadeiras em calçadas com mais de três metros, contanto que fique garantida a circulação de pedestres na metade desse espaçoSanta Tereza se beneficiou de um trecho da lei que permite, em condições especiais, que calçadas entre dois e três metros recebam também o mobiliário, mantendo a faixa de pedestre na metade do espaço.
“O Bairro Santa Tereza é uma área de diretrizes especiais (ADE) e, pela tradição dos bares, a comissão entendeu que a regra especial poderia valer para os estabelecimentos que já tinham a licença para mesas e cadeiras”, afirma a secretária municipal adjunta de Fiscalização, Míriam Leite BarretoDesde 2011, quando as mudanças do código começaram a valer, comerciantes de Santa Tereza lutam para usar legalmente as mesas e cadeiras nas calçadas – a maior parte delas mede 2,8 metros.
De acordo com a Associação dos Bares e Restaurantes de Santa Tereza (Abrest), cerca de um terço dos 45 estabelecimentos serve os clientes ao ar livre, mas, até então, nenhum havia conseguido renovar a licença para mesas e cadeiras“Foi uma decisão de muito bom senso da prefeituraO índice de reclamações em relação aos bares é muito pequeno, pois a maioria dos donos são também moradores do bairro”, afirma o fundador da entidade, Elias Passos Brito Filho.
Beneficiado com a decisão, Sílvio Eustáquio Rocha, do Bolão, diz que o prejuízo seria enorme se os clientes não pudessem ficar ao ar livre“Tive que colocar as mesas junto ao meio-fio e, a princípio, até achei que a porta dos carros ou o sol forte poderiam atrapalhar, mas é melhor assim do que nadaSó em dia de chuva é que vou ter que colocar perto da parede do bar, por causa do toldo”, diz ele.
IMPASSE CONTINUA
Se a questão está aparentemente controlada em Santa Tereza, segundo o presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Minas Gerais (Fhoremg), Paulo César Pedrosa, as mesas e cadeiras são o principal problema que o setor enfrenta no restante da cidade“A questão mais grave é o Código de PosturasA fiscalização age de forma truculenta, retirando os clientes das mesas
Pedrosa pede uma trégua da prefeitura, considerando a chegada da Copa das Confederações, em junho, e a Copa do Mundo, no ano que vem“Estamos nos preparando para esses grandes eventosNo fim do mês, faremos um workshop para os bares e restaurantes se adequarem à Vigilância SanitáriaQueremos que o poder público municipal também haja com bom senso em relação ao Código de Posturas e à Lei do Silêncio”, completa.