A Noroeste, por exemplo, investiu R$ 3.374.037 para cobrir somente 2.150 imperfeições no pavimento, gerando despesa média de R$ 1.569 para o conserto de cada buraco. Já a Regional do Barreiro gastou R$ 2 milhões para acabar com 11 mil buracos. Nesse caso, o custo de cada problema foi de R$ 181, igual ao valor de um pneu novo para carros de passeio. Para o empresário Leonardo Silveira, de 30 anos, o prejuízo com sua caminhonete foi maior. Há dois meses, um dos pneus rasgou ao passar em um buraco numa rua do Bairro Buritis, na Região Oeste. Ele teve que comprar um novo, por R$ 800. “Os buracos afetam também o sistema amortecedor. Acho que a solução seria trocar todo o asfalto”, disse depois de ter acabado de passar em mais um buraco no bairro, dessa vez na Rua Alessandra Salum Cadar.
Segundo as regionais, cada uma delas têm autonomia para fechar contratos individuais, a partir das licitações. Pelo sistema descentralizado, as nove regiões da cidade acabam atendidas por empresas de engenharia e reparo diferentes. “Há 20 anos essas vias foram pavimentadas e muitas ruas já não acompanham o crescimento da cidade. Isso tudo influi. Tapar buraco é mesmo um paliatiavo, mas em 2012 já começamos o recapeamento. A ideia é fazer esse tipo de intervenção nos grandes corredores, começando pelas vias de maior circulação e de acesso a bairros movimentados e destinando os recursos das operações tapa-buracos para a recuperação total do asfalto, o que assegura uma durabilidade maior porque o pavimento antigo é removido e a estrutura do piso é refeita”, explica o secretário da Regional Pampulha, Humberto Pereira, lembrando que o recapeamento começará pelo entorno da Lagoa da Pampulha, cartão-postal da cidade.
Na Centro-Sul, os gastos ultrapassaram R$ 880 mil para consertar 28.321 buracos. Na Rua Patagônia, no Sion, uma cratera aberta por mais de uma semana na altura do número 602 provocou muito incômodo para moradores, comerciantes e motoristas que passam pela região. A imperfeição no asfalto foi aberta para trabalhos em um poço de acesso à rede da Copasa. Era escavado e coberto todos os dias, no fim da tarde, mas a chuva do fim de semana piorou a situação. O buraco pegou motoristas desprevenidos e deixou o trânsito congestionado no local.
“A movimentação de carros aqui é intensa e o trânsito fica supercarregado no horário de pico. Depois que abriram o buraco, ficou ainda pior. As filas de carro eram gigantescas”, disse a vendedora da loja de móveis em frente ao local. Ela conta que clientes deixaram de fazer compras por causa do problema. A secretária adjunta da regional, Nilda Xavier, admite o transtorno, mas diz que os buracos de concessionárias não são de responsabilidade da prefeitura. “Causam um desconforto danado. Mas a gente avisa e eles é quem têm que tapar.”
Professora do Departamento de Engenharia de Transportes da UFMG e especialista em pavimentos, Jisela Aparecida Santana Greco se assusta com os valores gastos e o número de buracos. Ela considera que o serviço de tapa-buracos poderia funcionar melhor caso fosse benfeito. “Se a restauração fosse completa, prorrogaria a vida útil do asfalto em dois ou três anos. Só tapar buraco corre o risco de gastar em vão e ter de refazer o trabalho”, argumenta Jisela. “É claro que requer mais tempo, interdita o trânsito e custa mais caro, mas o ideal é retirar tudo o que foi danificado. Se o pavimento estiver todo esburacado, então, nem adianta o tapa-buraco. Tem mesmo é que reconstruir.”
Ela lembra que o asfalto usado na Avenida Antônio Carlos para instalação dos corredores do BRT (da sigla em inglês para bus rapid transit) é de concreto. “O pavimento rígido tem durabilidade de 20 anos e é mais resistente que o pavimento flexível, com vida útil de 10 anos. Mas não justifica implementá-lo na cidade toda. Seria importante, por exemplo, para grandes avenidas e corredores, como a Contorno, a Afonso Pena, a Nossa Senhora do Carmo”, sugere a especialista.
O gerente de Manutenção da Regional Noroeste, Rosemar Cossenzo Gea, informou, por meio de sua secretária, que todas as regionais têm os mesmos valores fixos para os contratos de tapa-buracos e que o trabalho consiste em recuperar todas as imperfeições. No caso da Nordeste, o argumento é de que o contrato destina um valor fixo mensal para determinada quantidade de massa asfáltica. Segundo a assessoria da regional, a profundidade e tamanho do buraco acabam interferindo nos valores previamente acertados, principalmente nos meses da temporada de chuva. No restante do ano, ainda que a quantidade de buracos seja menor, o valor fixo prevalece. A regional Barreiro informou que os gastos também variam de acordo com a malha viária da regional.