O skinhead Antônio Donato Baudson Peret, de 24 anos, que postou uma foto dele na internet tentando enforcar um morador de rua na Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, chegou à capital mineira às 14h30 desta segunda-feira. Ele foi preso durante cumprimento de um mandado de prisão temporária em Americana, interior de São Paulo, na noite desse domingo, por policiais da Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos (DEICC) com apoio da Guarda Municipal de Americana (GAMA).
O rapaz chegou em uma viatura do DEICC, acompanhado por quatro policiais. Ele estava na parte de trás do veículo, sem camisa e tênis, de bermuda e de meias. Antes, Donato havia sido levado para uma delegacia de Pouso Alegre, no Sul de Minas. A transferência para BH começou a ser feita por volta das 10h.
Neste domingo, Donato estava em Americana, onde mora a namorada, que conheceu pela internet. Ele e a moça haviam ido à cidade de São Paulo visitar a avó da garota. De lá, pegaram um ônibus e voltaram para o interior do estado. Um dos investigadores que participaram das buscas informou que policiais já monitoravam o skinhead. Dois agentes se infiltraram no mesmo coletivo da empresa Piracicabana em que ele estava com a namorada. Enquanto isso, policiais civis também se hospedaram no mesmo hotel de Donato.
Em uma parada em Americana, policiais deram voz de prisão para Donato e o mandaram descer do ônibus. A Guarda Municipal de Americana (GAMA), que apoiou a operação da Polícia Civil mineira, fez o cerco no local da prisão. De óculos escuros e camisa preta, o rapaz não teve tempo de reagir. Com o preso, os policiais encontraram um soco inglês, uma faca e um facão. Ele vai responder por apologia ao crime, com os agravantes de racismo e nazismo e formação de quadrilha.
Outros dois homens que teriam ligação com Donato também foram presos na capital. Segundo a Polícia Civil, Marcus Vinícius Garcia Cunha, de 26 anos, e João Matheus Vetter de Moura, 20, foram levados para o Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) São Cristóvão.
A prisão de Donato foi filmada pelos policiais. Veja abaixo:
Histórico de crimes
Em 15 de abril de 2011, o acusado e outros três rapazes foram presos por espancar com socos e chutes o adolescente A. A. M. C., na época com 16 anos. Na primeira audiência, Antônio Donato não foi localizado e os três demais envolvidos aceitaram uma transação penal, proposta pelo Juizado Especial Criminal. Eles cumpriram três meses de prestação de serviços gratuitos à comunidade, por injúria, ameaça e lesão corporal. Na segunda audiência, Antônio Donato chegou a ser intimado, mas não compareceu.
Em 7 de setembro de 2011, Antônio Donato e um adolescente de 17 anos espancaram com chutes e soco inglês um casal gay, que trocava carícias na Praça da Liberdade. Os dois foram presos. A vítima G. H. S. H., de 18 anos, foi chamada de "gay safado" e levou um golpe de canivete no ombro direito. Em 5 de janeiro de 2009, também na Savassi, a vítima foi um homossexual de 19 anos. Os dois casos não foram julgados pela Justiça.
Polêmica na rede
A polêmica se iniciou na sexta-feira, dia 5 de abril. O jovem, identificado na rede social como Donato di Mauro, colocou a imagem e escreveu na legenda: “Quer fumar kraquinho? (Sic.) Em meio a praça pública cheio de criança? Acho que não”, disse. Em seguida, o jovem colocou outro comentário onde critica o governo e a sociedade. “Já me acostumei...Falsos democratas, sociedade libertina, policiais corruptos, direitos humanos e por ai vai... O velho pão e circo para o povo humanista”, afirmou. A imagem ficou pouco tempo no ar e depois foi retirada pelo próprio autor. Porém, a foto foi colocada em outros perfis. Vários internautas mostraram indignação.
Há informações de que Antônio Donato teria ligações com o estudante de direito Gabriel Spínola, envolvido em um trote racista no mês passado, na UFMG. Em março deste ano, um outro ato de preconceito e com citações nazistas causou polêmica em Belo Horizonte. Alunos de direito da UFMG pintaram uma estudante com tinta preta durante um trote. A garota aparece em imagens acorrentada e puxada por um veterano. Ela ostenta uma placa com os dizeres “caloura Chica (Sic) da Silva”, em referência à famosa escrava que viveu em Diamantina no século 18, liberta após se envolver com um contratador de diamantes. Em outra foto, um calouro está amarrado a uma pilastra enquanto outros três estudantes fazem uma saudação nazista. Um deles pintou um bigode semelhante ao do ditador alemão Adolf Hitler.