As fotos em redes sociais mostram momentos de um casal apaixonado: passeios de moto, festas e até poses do namorado com os nomes dos dois escrito nas costas. Mas a história de amor habitual para por aí. Ela, A. L. S, adolescente de 17 anos. Ele, o delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto, de 40, principal suspeito de ter baleado na cabeça a garota , internada em estado grave no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Lotado na Delegacia Especializada de Atendimento à Pessoa Deficiente e ao Idoso, Toledo já atuou na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. Ele foi preso nessa segunda-feira à tarde, ao se apresentar à Corregedoria Geral da Polícia Civil, em BH.
A. teria sido levada por um homem que, sem se identificar, informou que ela havia tentado suicídio. “A denúncia da briga do casal era de que eles estavam num Peugeot 307 preto, mesmo carro que deixou a jovem na UPA. Identificamos pelas imagens das câmeras de um posto de gasolina em frente à unidade de saúde. Conseguimos entrar com contato com a família, que informou que ela havia saído de casa com o delegado”, informou o capitão Paulo Henrique Cardoso, do 52º BPM. A. foi levada em estado grave para o HPS João XXIII. A família e os amigos da garota não quiseram falar sobre o assunto.
Toledo já havia sido indiciado em 19 de março pela Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente por lesão corporal contra A. L. S. Principal suspeito de tentar matá-la, ele foi preso ontem à tarde, depois de a Justiça expedir um mandado de prisão temporária. O policial se apresentou à Corregedoria Geral, no Centro, e foi levado, no início da noite, à Casa do Policial Civil, no Bairro Horto, na Região Oeste. A corregedoria investiga o caso com a delegacia regional de Ouro Preto.
A delegada corregedora Águeda Bueno foi ontem ao município para dar sequência aos trabalhos com o delegado regional Valfrido de Sá Filho. “Já estamos com as imagens do posto de gasolina”, confirmou Valfrido. A perícia criminal fez exame residual da adolescente para confirmar se foi ela quem disparou a arma.
Apoio
O irmão do delegado, Érico Toledo, postou ontem no Facebook posicionamento sobre o envolvimento do familiar com o caso. “Todos conhecem o Neto, um cara alegre, solteiro, boa-pinta, cheio de vida e que curte a vida. Uma vizinha de apartamento dele, linda, gente boa, era apaixonada pelo meu irmão. Ela era criada pelo padrasto e começou a ter um amor platônico pelo Neto”, conta. Érico relata ainda que o irmão dizia à menina que ela tinha que achar um homem mais novo para se relacionar. “Como ela estava com muitos problemas, depressiva, deu um tiro na cabeça na frente do meu irmão. Meu irmão desesperado me ligou imediatamente falando o ocorrido”, escreveu.
MEMÓRIA: Acusado de outros crimes
Natural de Pouso Alegre, o delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto, de 40 anos, atuou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e atualmente estava na de Atendimento à Pessoa Deficiente e ao Idoso. Continuava na ativa, mesmo investigado por prática de crimes. Desde 2002 na Polícia Civil, ele responde a processo por suspeita de irregularidade no licenciamento de veículos, quando era delegado de trânsito em Betim. Em 2011, foi detido pelo mesmo crime, em São Joaquim de Bicas, acusado de receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Segundo a Polícia Civil, a lei garante a ele o direito de trabalhar e receber os vencimentos enquanto não for concluído qualquer processo judicial em tramitação e na Corregedoria da instituição.