Muitos obstáculos ainda separam o conjunto arquitetônico da Pampulha do título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Antes mesmo da conclusão do dossiê que vai apontar as fraquezas e potencialidades do complexo paisagístico, os órgãos envolvidos já apontam problemas que precisam ser solucionados rapidamente para que a área tenha condições de concorrer ao reconhecimento concedido pela Organização das Ações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A contaminação da Lagoa da Pampulha – que segundo o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) nunca teve índices de poluentes tão ruins – ainda é a principal pedra no caminho rumo ao título. Mas problemas estruturais, falta de restauração e a descaracterização de edificações e jardins também podem atrapalhar o reconhecimento do conjunto pela Unesco.
Visivelmente degradada pela contaminação por esgoto doméstico e elementos tóxicos como amônia, arsênio, bário e cádmio – prejudiciais tanto à saúde humana quanto aos organismos aquáticos –, a Lagoa da Pampulha é essencial para que o conjunto seja considerado Patrimônio Cultural da Humanidade. “A questão da lagoa é a de mais difícil solução rápida. A recuperação do espelho d’água é fundamental para a obtenção do título”, ressalta a superintendente Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais, Michele Arroyo, que esteve ontem na Pampulha. Ontem, técnicos do órgão federal se reuniram com integrantes da Fundação Municipal de Cultura (FMC) e da Comissão Executiva do Programa Pampulha Patrimônio da Humanidade para apontar falhas e pontos positivos do complexo e definir um cronograma dos trabalhos de intervenção na área. Resultado do encontro será divulgado hoje.
Revitalização
Os jardins de Burle Marx sofreram descaracterização, passando agora por revitalização. Espécies que não compõem o projeto original cresceram em meio às plantas escolhidas para ornamentar o conjunto e estão sendo retiradas. A previsão é de que esta fase da revitalização seja concluída até o início de junho. Já as intervenções na lagoa e edificações ainda dependem das recomendações do Iphan e não têm previsão de finalização. As reformas serão custeadas por recursos municipais, estaduais e federais, mas ainda não foi estipulado o valor a ser gasto.