Pela primeira vez desde que o fotógrafo Walgney Assis Carvalho, 43 anos, e o jornalista Rodrigo Neto, foram assassinados a Polícia Civil confirmou que policiais são suspeitos das mortesDurante coletiva de imprensa em Ipatinga, na Região do Rio Doce, o chefe da Polícia Civil Cylton Brandão da Matta afirmou que os possíveis autores dos crimes já foram identificados e que as investigações já estão avançadasEm contrapartida, dois delegados que atuavam na região foram substituídos
As hipóteses sobre a participação de policiais civis e militares começaram a ser levantadas quando Rodrigo foi morto em 7 de março no Bairro CanaãDois homens passaram em uma moto e atiraram no repórterEle chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentosO jornalista denunciava uma série crimes cometidos por um esquadrão da morte que seria formado por policiais
O delegado Cylton Brandão da Matta, chefe da Polícia Civil, afirmou durante coletiva que há suspeita de participação de policiais, civis e militares, nos crimesPorém, não informou detalhes sobre as investigações“Estamos trabalhando em parceria com a Polícia Militar e as apurações estão avançadasPode ser que termine em dias ou meses
Para tentar diminuir uma série de crimes que estão sem solução da Região do Rio Doce, o delegado confirmou mudanças de delegadosO antigo chefe do 12º Departamento de Polícia Civil, José Valter foi substituído pelo sub-corregedor, delegado Elder D'Ângelo Quem também foi transferido foi o delegado regional Gilberto Simão de Melo pela delegada Irene Angélica Franco“Os dois delegados que estão saindo deixam os cargos com mérito, mas a chegada dos novos chefes vai marcar uma nova fase da Polícia nesta regiãoA vinda do delegado-corregedor, mesmo que interinamente, dá a dimensão das mudanças que estamos fazendo e sinaliza claramente a nova fase que estamos iniciando”, disse o chefe da Polícia Civil
Fotógrafo não se sentia ameaçado
No dia do assassinato do fotógrafo Walgney Carvalho, o deputado Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos de Minas Gerais, que vem acompanhando as apurações sobre a morte do jornalista Rodrigo Neto, afirmou que a vítima vinha sendo ameaçadoCylton Brandão diz que a Polícia Civil chegou a receber um comunicado sobre as ameaças, porém o fotógrafo foi ouvido e não confirmou os fatos“ Carvalho foi ouvido, disse que não se sentia ameaçado e que não precisava de proteçãoIsso está nos autos e assinado por ele”, comenta
O fotógrafo freelancer do Jornal Vale do Aço foi assassinado no fim da noite do último domingo
A polícia afirma que ainda não pode afirmar que os dois assassinatos têm ligação“Não podemos descartar qualquer linha de investigação, mas em breve teremos em mãos elementos capazes de nos ajudar nas apuraçõesToda a sociedade vai saber do que se trata nos próximos dias", afirmou o Chefe do Departamento de Investigações de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Wagner Pinto
Grupo de extermínio
Amigos do jornalista afirmaram a reportagem do Estado de Minas, nessa quinta-feira, que Rodrigo Neto preparava uma série de matérias especiais sobre assassinatos não resolvidos nos quais um esquadrão da morte formado por policiais militares e civis da região figurava como principal suspeitoO material iria revelar mais vítimas de homicídios covardes, cometidos pelo grupoA série contaria com fotografias de Walgney Assis.
O chefe da polícia civil aproveitou a entrevista para afirmar que não há um grupo de extermínio na regiãoTambém garantiu que nos próximos dias haverá novidades sobre as investigações