Jornal Estado de Minas

Pegar táxi em BH é uma batalha

EM testa opções para cumprir a difícil missão de conseguir um carro em BH. Na linha de largada, aplicativos para celular, centrais telefônicas e o velho aceno. No cronômetro, algumas surpresas

Clarisse Souza, Landercy Hemerson, Patricia Giudice e Paula Sarapu

 

- Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press

Seis equipes e uma missão: testar a rapidez de atendimento do sistema de táxi de Belo HorizonteNo momento em que cerca de 600 novos profissionais se preparam para entrar na praça após licitação da BHTrans e aplicativos chegam aos smarphones prometendo facilitar a vida de quem precisa do serviço, o desafio – além de conseguir um taxista livre, evidentemente – é saber qual forma de pedir o táxi é a mais eficienteFeitas as contas, a surpresa: a tecnologia, ainda que promissora, deixou a desejarNos testes, apelar para o pedido virtual revelou-se a forma mais lenta de conseguir o transporteEm tempos de “ligue-táxis” e aplicativos de última geração, o método mais simples ainda se revelou – acredite – tirar os dedos do teclado e estendê-los na calçadaHá quem aposte, porém, que os pedidos via internet sejam uma tendência, desde que consigam superar dificuldades como as representadas por motoristas que aceitam as corridas e acabam cancelando-as sem atender o usuário.

Nos testes feitos pelo Estado de Minas, às 18h de quinta-feira três equipes fizeram o trajeto Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Funcionários, Rua da Bahia, no Bairro de Lourdes, Rua Padre Eustáquio, no Bairro Padre EustáquioAo meio-dia da sexta, outras três turmas saíram do Bairro Funcionários e seguiram para a Rua Pitangui, no Colégio BatistaDe lá, caminharam até a Rua Guanhães, no Floresta, onde chamaram o táxi para seguir até o Santa EfigêniaDa esquina de ruas Padre Rolim e dos Otoni, voltaram à Avenida Getúlio Vargas

A primeira constatação foi de que, no horário de pico, o melhor é mesmo estender a mão na calçada, mas desde que o candidato esteja em uma via movimentadaNa saída da Avenida Getúlio Vargas, nos dois primeiros horários do teste (18h e 12h), chamar o táxi sozinho revelou-se a melhor opção

Quem optou por esse método não esperou mais que dois minutos para seguir viagemMas, à medida que a distância do Centro aumenta, a situação pioraNa noite de quinta-feira, conseguir um táxi na Rua Padre Eustáquio estendendo o braço foi mais difícil: oito minutos de espera

O taxista que fez uma das corridas entre a Rua Padre Rolim e a Avenida Getúlio Vargas na hora do almoço de sexta-feira considera a chamada do carro nas ruas a melhor forma, tanto para o profissional quanto para o passageiro“As cooperativas não estão dando conta de atender os pedidosA demanda é tão grande que não há carros suficientes e as pessoas perdem a paciência de esperar”, disse o motorista Roberto Rocha, contando que já fez parte de uma associação, mas saiu há um ano e meio
A busca por um taxista foi morosa para quem usou os aplicativos Easy Taxi e WayTaxi, para smartphonesNo início da noite de quinta-feira, por exemplo, o repórter começou a busca às 18hO primeiro aplicativo é o mais baixado para celulares na internet e o outro está em quarto lugar, mas ambos são os mais populares em Belo HorizonteO aplicativo Easy Taxi procurou o taxista mais próximo durante 12 minutos, sem sucesso
O programa respondeu que não havia conseguido localizar um carroHouve mais duas tentativas, todas frustradasQuarenta minutos depois, o repórter apelou para a WayTaxi, mas, depois de meia hora e quatro tentativas sem sucesso, decidiu chamar o carro acenando na avenidaUm táxi parou em menos de um minutoEm todas as chamadas feitas para o WayTaxi, taxistas confirmaram a corrida, mas cancelaram logo em seguida

Já na Rua da Bahia, a primeira chamada pelo WayTaxi foi feita às 19h32Três foram rejeitadasA quarta foi atendida por um taxista que chegou 10 minutos depoisJá no Bairro Padre Eustáquio, uma chamada foi negada e a feita na sequência foi atendida pelo mesmo profissional que havia levado o repórter até láFoi o melhor desempenho na modalidade aplicativo, com oito minutos de espera, apenas um a mais do que aguardou o passageiro que esperava o carro na calçada na mesma área

O taxista Daividson Nunes tenta explicar a dificuldade: “Se o passageiro estiver muito longe ou um pedestre acenar para o táxi, o motorista acaba cancelando o chamado do aplicativo”, disseEle contou que as corridas pelo sistema são disputadas “freneticamente” quando aparecem no aparelho celular usado especificamente para esse fimDavidson acha que o sistema deveria punir de alguma forma o motorista que deixasse de cumprir o combinado“No caso de três cancelamentos durante a semana, por exemplo, o taxista deveria perder o acesso ao sistema por um determinado tempo”, sugere.