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Estado de Minas

Preso mais um policial suspeito de participar de homicídios no Vale do Aço

Delegado subcorregedor que coordena força-tarefa em Ipatinga para apurar o assassinato de repórteres admite que chefias locais anteriores deram pouca atenção aos inquéritos


24/04/2013 06:00 - atualizado 24/04/2013 06:39


Mais um policial civil do Vale do Aço foi detido ontem pela força-tarefa que investiga a morte de pelo menos 20 pessoas em crimes ocorridos na região denunciados pelo jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, executado em 8 de março, e pelo fotógrafo Walgney Carvalho, de 43, assassinado 37 dias depois. Agora são três os presos. A corporação não informou nome, função ou em qual delegacia estava lotado o policial, mas de acordo com informações da sua assessoria de imprensa, o suspeito foi encaminhado para a Casa de Custódia da Polícia Civil de Belo Horizonte, onde será ouvido.

Enquanto os policiais agem no Vale do Aço, circulou em uma rede social uma correspondência entre o fotógrafo assassinado e colegas de profissão, na qual ele demonstra saber quem eram os assassinos de Rodrigo Neto e dá a entender, inclusive, que policiais envolvidos estavam debochando das apurações feitas na época. As mensagens foram trocadas entre ele e um colega da imprensa local em 29 de março, 23 dias antes de Carvalho ser morto com três tiros num pesque-pague de Coronel Fabriciano.

Num dos trechos, a pessoa, que não será identificada, quer saber se ele acha que vão descobrir quem matou Rodrigo Neto. Walgney responde negativamente, pelas entrelinhas, dizendo: “Pelo que a gente sabe…”. Ao ser perguntado se o crime foi praticado por bandidos, ele disse que não, demonstrando acreditar que se tratava de uma ação de policiais. O repórter-fotográfico ainda criticou as investigações. “Uai, eles (a polícia) estão investigando as pessoas próximas a ele (Rodrigo). Até na minha casa o delegado cumpriu mandado de busca e apreensão. Desse jeito vai descobrir é nunca”, declarou. Ao final da conversa, Carvalho revela que as investigações viraram motivo de chacota entre os policiais supostamente envolvidos. “Os policiais estão se rachando de rir”, disse.

FROUXIDÃO Em entrevista ao Estado de Minas, o delegado subcorregedor Elder Dangelo, que assumiu o 12º Departamento (Ipatinga, João Monlevade, Itabira, Caratinga, Manhuaçu e Ponte Nova) por causa dos homicídios, diz que está no cargo interinamente e avalia que faltou mais ação das chefias regionais para não deixar que policiais chegassem ao ponto de formar um grupo de execução na região do Vale do Aço. “Vejo uma série de fatores, como: falta de fiscalização das atividades dos policiais, de direcionamento, de diretrizes, de melhor distribuição de trabalho. Não se tomou conta da segurança nesse ponto”, disse. Segundo ele, a culpa não foi das chefias superiores, mas de cada cidade. “Foi uma situação pontual, em que (os chefes das polícias regionais) deixaram a coisa correr bamba.”

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) estima que haja pelo menos 20 policiais envolvidos em mais de 20 homicídios denunciados pelo repórter do Jornal Vale do Aço. O fotógrafo Carvalho pode ter sido morto por saber informações sobre a morte do colega de profissão. Segundo o Ministério Público foram requisitados à Justiça mandados de prisão em pelo menos 12 casos de homicídios em que policiais militares e civis estariam envolvidos. A polícia não revelou por quais mortes o policial é investigado, como ocorreu no caso do investigador e do médico-legista presos no dia 18. Um dos dois detidos na semana passada já foi ouvido em depoimento.


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