Jornal Estado de Minas

Moradores seguem à espera da indenização na Avenida Dom Pedro I, em BH

Donos de imóveis no entorno da via, na Região Norte, cobram mais explicações do Executivo, inclusive sobre casas que já estão em processo de desapropriação

Guilherme Paranaiba

Isaú Archanjo, de 70 anos, e a filha, Magda, mostram desenho da casa e consideram pouco os R$ 110 mil oferecidos como indenização - Foto: Jair Amaral/EM/DA Press


Ao longo da Avenida Dom Pedro I, entre a Região Norte e Venda Nova, as máquinas avançam para alargar a via que será um dos três corredores do transporte rápido por ônibus (BRT, da sigla em inglês) em Belo HorizonteSegundo moradores e comerciantes da região, as desapropriações caminham bem nos imóveis na própria avenida, mas ninguém sabe o que vai acontecer com cerca de 50 famílias que têm casas na Rua das Pedrinhas, em Venda Nova, via paralela à Pedro I que terá imóveis desapropriados

Há 20 dias, a presidente da Associação dos Moradores da Pedro I, Vilarinho e adjacências, advogada Ana Cristina Drumond, participou de audiência pública na Câmara Municipal e ouviu da prefeitura que em até um mês a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) reajustaria os valores das propostas já feitas e dar retorno aos moradores“Isso ainda não aconteceuHá imóveis em que os processos de desapropriação já estão correndo na Justiça e os donos nem foram notificadosA prefeitura está se esquecendo que aqui moram pessoas”, diz Ana Cristina.

O aposentado Isaú Archanjo, de 82 anos, há 52 morando na Rua das Pedrinhas, uma das mais tradicionais de Venda Nova, recebeu proposta de R$ 110 mil pela casa construída com paredes duplas, três quartos, sala, cozinha, varanda e ampla área verde“Com esse valor não consigo nem jogar no chão e transportar as coisas que tenho”, reclamaSegurando o desenho que fez da casa, ao lado da filha Magda Rosana, de 48, ele se emocionaA filha não consegue entender o motivo de tanto descaso“Ninguém até hoje conseguiu nos explicar qual é o projeto, o que vai ser feito ou qual parte do lote que vai precisar ser demolidaAté agora só nos avisaram que a avenida deve ocupar uma faixa de cerca de um metro para dentro do lote e onde está a casa eles vão precisar posicionar as máquinas”, afirma Magda


Os vizinhos José Francisco Pereira, de 60, e Vitório Pereira Filho, de 62, têm uma longa história em suas casas, na Rua das Pedrinhas também, mas até hoje não receberam comunicado oficial da PBH sobre a desapropriação“É uma tensão maluca, temos conhecimento que o BRT vai passar aqui, mas não sabemos o que vai acontecer num futuro próximoAs máquinas estão se aproximando e fica essa dúvida”, diz Vitório“Se nos for oferecido um valor compatível, não vamos atrapalhar a modernização da cidadeMas precisamos ser respeitados”, acrescenta Francisco.

VIAS COMPLICADAS

O problema das desapropriações pode ser ainda maior em outras duas regiões da cidade, comprometendo a viabilidade de duas novas avenidas antes da Copa do MundoEm outubro do ano passado, a PBH já tinha levantado 342 imóveis a serem retirados para abertura da Via 710, que fará a ligação das avenidas Cristiano Machado e dos Andradas, sem passar pelo Centro de BHO Estado de Minas fez contato com a Sudecap, responsável pelas desapropriações, mas até o fechamento desta edição os números não foram enviados pela empresa

O problema se repete na Via 210, avenida que fará a conexão da Tereza Cristina com a Via do Minério, na Região do BarreiroEm outubro, a previsão era de 155 famílias a serem retiradas, sendo que 56 já tinham deixado os imóveisSegundo o portal da transparência para a Copa do Mundo, as desapropriações da Via 210 estão previstas para serem concluídas em julho deste ano, enquanto as obras vão até setembro

Na Via 710, tanto a construção quanto a retirada dos moradores estão previstas para terminarem em dezembro deste ano.