Jornal Estado de Minas

Prefeitura pode substituir guardas municipais, que ameaçam mais protestos na cidade

Greve da categoria instaura o caos na capital e deixa motoristas indignados.

Clarisse Souza e Patricia Giudice
- Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press

Integrantes da corporação responsável por organizar o trânsito em Belo Horizonte e por cuidar da preservação de prédios e espaços públicos participaram ontem de protestos que travaram o tráfego, espalharam infrações por toda a capital e testaram a paciência dos cidadãos durante o dia inteiroCerca de mil guardas municipais começaram sua manifestação na Avenida dos Andradas, deslocaram-se para a Afonso Pena, no Centro, e pararam a Praça Sete nos dois sentidos antes de seguir para a frente da prefeitura, onde se concentraramEnquanto os manifestantes reivindicavam melhorias para a categoria, o trânsito na cidade parava progressivamenteA lentidão atingiu todo o hipercentro, se alastrou pela Avenida Amazonas e pelo Complexo da Lagoinha até chegar às avenidas Antônio Carlos, Cristiano Machado e Pedro II, além das vias e bairro vizinhos, inclusive a região hospitalarNo fim da tarde, os mesmos manifestantes invadiram a sede da Guarda, causando mais confusãoA gravidade da situação foi tamanha que levou a administração municipal a decretar situação de emergência e ameaçar convocar pessoal para substituir servidores que deixarem seus postos


Durante os protestos, agentes da BHTrans e do Batalhão de Trânsito da PM tentaram sem sucesso organizar o caosEnquanto os servidores da Guarda fechavam vias vitais para a cidade, inclusive acessos a hospitais, motoristas irritados buzinavam e avançavam sobre canteiros centrais de vias como a Afonso Pena para tentar fugir do engarrafamentoMas muitos não tinham saídaÂngelo Gontijo, de 19 anos, gastou mais de uma hora e meia entre BH e Betim, trajeto que normalmente consumiria a metade do tempo“Acho um desrespeito com os moradores da cidade

Todos têm que buscar seus direitos, mas sem atrapalhar os outros”, afirmouIvan Batista, de 57, se mostrava impaciente“Gastei meia hora da Andradas até a Rua da Bahia, quando o normal seriam cinco minutosÉ um absurdo”, dissePara ele, as manifestações precisam ocorrer em lugares que não prejudiquem a cidade

Os manifestantes querem recomposição salarial referente a cinco anos, concurso público, armamento, mais viaturas e coletes, além da saída de policiais militares reformados que, segundo o diretor do Sindicato das Guardas Municipais de Minas Gerais (Sindiguarda) Wellington José Nunes Cesário, ocupam cerca de 200 cargos na corporação“A recomposição prometida foi de 13,92% mais 27% de defasagem, e isso não foi cumprido”, afirmouHoje são 2.324 guardas municipais e há um estudo para um concurso público com mais 500 vagasMas, para o sindicalista, a demanda é duas vezes maiorNa noite de ontem a categoria decretou greve por tempo indeterminado, com possibilidade de mais protestos.

A Prefeitura de BH informou que a Guarda tem 18 profissionais egressos da PM e que não há impedimento legal para eles atuarem
“A inserção desses profissionais é criteriosa e considera sua formação e capacidade de gerenciamento”, informa a notaSobre o porte de armas, informou que a instituição está se adequando às exigências do Estatuto do DesarmamentoQuanto à recomposição salarial, a administração sustenta que de 2007 a 2012 foi concedido reajuste de 83,75% aos guardas, contra a inflação acumulada de 39,83%Projeto de lei tratando do próximo reajuste está em tramitação no Legislativo municipal, sustenta a PBH