Uma população com maior dificuldade de aprendizado
BH tem hoje cerca de 450 alunos surdos na escolaDos 168 mil matriculados na rede municipal, 261 têm deficiência auditiva e estudam desde a educação infantil até a Educação de Jovens e Adultos (EJA)Eles estão presentes em 32 das 257 escolas que integram o sistema do municípioJá na rede estadual, 53 das 234 unidades escolares da capital têm surdos matriculadosAo todo, eles somam 196 alunos com deficiência auditiva na rede do estado
A rede municipal trabalha com a perspectiva inclusiva que coloca alunos surdos e ouvintes na mesma turmaSomente em cinco escolas existe um projeto para agregar apenas alunos surdos e promover a troca maior de experiência entre elesA decisão de matricular o filho nessa unidade fica a cargo dos pais Segundo a coordenadora do Núcleo de Inclusão Escolar da Secretaria Municipal de Educação (Smed), Patrícia Cunha, todas as unidades que recebem matrículas de alunos com deficiência auditiva contam com profissionais especializados para atendimento ao surdoEm BH, são 18 instrutores e 27 intérpretes na rede municipalSobre a dificuldade de aprendizado, Patrícia pondera: "O português é um desafio enorme para a criança surda, que usa outra língua para se comunicar e que pensa em outra língua, a Libras".
A diretora de educação especial da Secretaria de Estado de Educação, Ana Regina de Carvalho, explica que a rede estadual trabalha com as duas metodologias de ensino: escolas inclusivas – com alunos surdos e ouvintes juntos – e as unidades com ensino específico para deficientes auditivosNo primeiro caso há professores de conteúdos curriculares que trabalham auxiliados por outros com formação em LibrasNa especializada, o professor ensina os conteúdos para os surdos na Língua Brasileira de Sinais.
ENSINO BILÍNGUE A oferta de escolas bilíngues, com o ensino de Libras universalizado, é uma das cobranças do diretor do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) do Rio de JaneiroEm palestra na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na quarta-feira, ele defendeu a ampliação das políticas públicas para atendimento ao surdo.
"Os surdos estão se desenvolvendo, se profissionalizando como qualquer outra pessoa que ouvePortanto, eles precisam de oportunidades iguais no mercado de trabalho, na educação, na saúde
Para a estudante BCF, de 13 anos, surda desde 1 ano, o ensino da sua língua foi fundamental para o início da aprendizagem"Até os 9 anos estudei em escolas com ouvintes e não gostava porque algumas não tinham intérpretes e em outras o professor ficava de costasEu não conseguia aprender nada", lembraEla conta ainda que era vítima de preconceito, porque colegas faziam chacotas pelo fato de ser surdaHoje, estudando na Escola Estadual Francisco Sales, no Barro Preto, Região Centro-Sul de BH, diz ser mais feliz em uma sala de aula somente com surdos"Faço fonoaudiologia aqui e melhorei minha falaConsigo aprender e melhorei a sinalização da Libras", diz.