O aumento dos casos de problemas respiratórios, provocados pela chegada do tempo frio, agravou ainda mais a superlotação nos serviços de pronto socorro credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Montes Claros, no Norte de Minas. Para amenizar o problema da superlotação nos hospitais, além reforçar os plantões em centros de saúde nos bairros, a prefeitura adotou outra estratégia: decidiu solicitar aos moradores que procurem a Santa Casa e o Hospital Universitário Clemente de Faria (os serviços de atendimento de alta complexidade credenciados pelo SUS no município) somente em situações de casos graves.
“Peço que compareçam à Santa Casa e ao Hospital Universitário somente pacientes que estejam em estado grave, aquelas pessoas que estejam necessitando de atendimento de alta complexidade ou que precisam de internação”, conclama o prefeito Ruy Muniz. Ele disse ainda que aquelas pessoas que precisam de consultas devem procurar os outros três hospitais credenciados pelo Sistema Único de Saúde na cidade (Hospital Municipal Alpheu de Quadros, Dilson Godinho e Hospital Aroldo Tourinho) ou, então, recorrerem aos postos de saúde nos bairros.
Antes da “recomendaçao” do prefeito, o diretor clínico da Santa Casa, Tadeu Lages, declarou que o hospital enfrenta problemas de falta de estrutura e não está suportando sobrecarga de atendimento. Mesmo ressaltando que o hospital “sempre tem as portas abertas para atender todo mundo”, Tadeu Lages também chegou pedir à população para que evite procurar a Santa Casa como forma de amenizar a superlotação.
O prefeito Ruy Muniz disse que o problema da falta de atendimento aos segurados pelo SUS é agravado pela forma vigente da remuneração dos hospitais, que é baseada na quantidade de procedimentos realizados. “Desta maneira, os hospitais e médicos acabam priorizando aqueles procedimentos que remuneram melhor como os das áreas de cardiologia, como a implantação de marca-passo, por exemplo”, citou.
O chefe do executivo lembrou ainda que dentro da estrutura de hospitais, como é o caso da Santa Casa de Montes Claros, foram instalados serviços e equipamentos bancados com recursos do Sistema Único de Saúde e que são usados tanto para a assistência a pacientes do SUS como para atendimento privado. “Aí, pelo fato de ser mais rentável, o paciente particular acaba tendo prioridade no atendimento”, observa o prefeito de Montes Claros.
Como solução, Ruy Muniz anunciou que a Prefeitura propôs aos hospitais mudança contratual, alterando a forma de pagamento dos serviços do SUS. “Existe hoje um contrato que paga por procedimento. Os hospitais ganham pelo que fazem. A nossa proposta é que eles não venham mais receber por procedimentos, mas sim pelo custo global do atendimento. Vamos saber deles quais os serviços que poderão oferecer 100% para o SUS e nós vamos fazer o repasse do dinheiro”, garantiu o prefeito.
Ele informou ainda que a Municipalidade terá uma equipe de médicos e enfermeiros dentro dos hospitais, com o objetivo exclusivo de fiscalizar e acompanhar o atendimento a todos os pacientes do Sistema Único de Saúde.