Vários dias depois, Alexandra sofreu com as lembranças do sofrimento passado ao lado de Cecília e do ex-namorado Marcelo BizzottoO trauma a impedia de dormir e qualquer barulho era interpretado como ameaçaA reação involuntária de Alexandra depois do assalto é comum entre as vítimas de crimes violentosSegundo especialistas, os assaltos podem afetar a rotina da pessoa e provocar consequências físicas e psicológicas
Quando são surpreendidas na saída da garagem, no caminho para o trabalho ou mesmo dentro de casa, as vítimas são retiradas bruscamente de sua rotina e, em muitos casos, ficam sem reação, explica a especialista em psicotraumatologia Ester Eliane JeunonA sensação de perda do controle da situação e de morte iminente reflete no funcionamento do cérebroA desorganização do sistema nervoso impede que a pessoa encontre uma explicação racional para o que acabou de acontecer, e o resultado dessa disfunção é o trauma
“A pessoa guarda todos os detalhes da ação dos criminosos e tem sensação de impotência e medo, que não desaparece”, explica a psicanalista Andréa Guerra, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
Depois do crime, retornar às atividades do dia a dia pode se tornar tarefa complicadaDepois de tomar remédios para taquicardia e tranquilizantes por mais de um mês, Alexandra mantinha a desconfiança
Em alguns casos, Ester alerta que o trauma pode evoluir para síndrome do pânico, provocar enxaquecas, fibromialgia e outras disfunçõesPara minimizar, desabafar pode ser uma das melhores soluções“Falar aos outros é importante, porque a pessoa passa a atribuir sentido ao que aconteceu e pode lidar melhor com as memórias”, explica a psicanalista Andréa
Buscar tratamento psicológico é fundamental também, principalmente se o medo se tornar doentio, provocar fobia social e o abandono de atividades do cotidianoMas Ester tranquiliza quem passou por um episódio violento e afirma que, com ajuda, “é possível se livrar do trauma e reconstruir a vida a partir desse evento”.