Jornal Estado de Minas

Norte de Minas

Empresário é denunciado por manter trabalhadores em condição análoga à escravidão

As vítimas eram ameaçadas por um empregado da fazenda para não abandonarem o trabalho

João Henrique do Vale
Um empresário paulista foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por manter 16 trabalhadores em condição análoga a de escravo em fazendas em Pintópolis, na Região Norte de Minas Gerais
Outros dois empregados do homem, também vão responder pelo crimeDe acordo com a denúncia, as vítimas foram aliciadas em Lontra, São João da Ponte, São Francisco e Patis, cidades localizadas na mesma região, para trabalhar no corte de madeira e produção de carvão na Fazenda RetiroEles tiveram a a promessa de receber pagamentos diariamente e ganhar boa condição de moradia, além de alimentação gratuitaPorém, foram colocados em alojamentos em péssima condições e tinham de fazer as necessidades fisiológicas em matas.  Os operários ainda eram ameaçados para não abandonarem a atividade

Os trabalhadores gostaram da proposta e entregaram os documentos pessoais para um empregado do empresário paulistaTodos foram transportados para a fazenda, onde iriam trabalharAo chegarem no local, se depararam com uma situação diferente do que foi informado a elesO alojamento não possuía colchão ou cobertor, não havia água potável e nem instalações sanitárias

De acordo com o MPF, quando tinham de fazer as necessidades fisiológicas, os trabalhadores eram obrigados a utilizar uma mataOs banhos eram em um local aberto e com a utilização de baldes e copos com água, que às vezes era fria

A rotina de trabalho também era exaustivaOs operários tinham de trabalhar todos os dias, sem nenhum descanso Além disso, segundo a denúncia, “os intervalos para repouso e refeição, por diversas vezes, eram inferiores a uma hora, não sendo raros os casos em que não se prolongavam por mais de 20 ou 30 minutos”Um empregado do empresário, ainda andava armado pela fazenda para intimidar às vítimas e impedir o abandono do trabalho

O crime de redução à condição análoga a de escravo tem pena que varia de dois a oito anos; o de aliciamento, um a três anos de prisãoOs acusados irão responder pelo menos 16 vezes por cada delito, já que este foi o número de vítimas encontradas pelos auditores do Ministério do Trabalho e Emprego durante a inspeção.