Existem os medicamentos sem tarja e vendidos sem prescrição médica, os de tarja vermelha, que exigem receita, e os de tarja preta comercializados com a retenção do pedido do médico“No caso dos sem tarja, o simples fato de colocá-los atrás do balcão poderia servir para obrigar o contato da população com o farmacêutico para o entendimento do histórico do paciente”, diz Ferreira
Já o fracionamento evitaria o uso de remédios comprados para outros problemas, mas que acabam não sendo usados por conta da quantidade comprada em outra ocasião“Nesse caso esbarramos nos lucros da indústria farmacêuticaJá está regularizada a possibilidade desse tipo de venda, mas não há uma obrigação”, afirma o vice-presidente do CRFNa última quarta-feira, farmacêuticos do conselho estiveram em quatro estações de metrô de BH para alertar a população sobre riscos do uso de remédios sem orientação médica
A administradora de empresa Carla Ferreira de Almeida, de 33 anos, tomou um susto no ano passado quando o filho Tiago, de 9, ingeriu aspirina para curar uma dor na perna e teve reação adversa que provocou inchaço no corpo“Ele estava na casa de um amigo e tinha jogado bola o dia inteiro
Pouco tempo depois o menino começou a sentir coceira nos olhos e rapidamente ficou com as mãos e o rosto inchados, gritando de dor“Quando cheguei ao hospital a médica me perguntou se eu tinha dado algum remédioFalei da aspirina e ela disse que ele não poderia ter tomado, porque não se sabia de alguma provável alergia”, conta Carla
Tiago precisou tomar injeções e descobriu ser alérgico ao medicamento, informação que hoje está em todos os locais que ele frequenta, para evitar novos transtornos“A automedicação é prejudicial, pois pode mascarar uma doença mais grave”, afirma a mãe.
Pressão
Segundo a assessoria de imprensa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2009 a entidade colocou os medicamentos sem prescrição atrás do balcão das farmácias, mas a medida foi revogada no ano passado por causa de uma pressão sofrida pelo setor de produçãoForam cerca de 70 ações judiciais, além de leis estaduais em 11 estados tentando anular a norma.
Além disso, a agência informa que um estudo mostrou que a mudança não conseguiu reduzir as intoxicações do país, o que motivou a revogação da resoluçãoSobre o fracionamento, a Anvisa informa que já está regulada a venda fracionada no Brasil, mas não pode obrigar o comércio a cumpri-laPara isso, diz que o Congresso Nacional está estudando a criação de uma lei para regular o comércio