A chamada Chacina de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004, quando 17 homens invadiram o acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, e atearam fogo em barracos e plantaçõesAlém das cinco vítimas executadas com tiros à queima-roupa - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - 20 pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de 12 anosO crime foi a segunda maior chacina de sem-terra no País, atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.
Segundo o advogado Rogério Del Corsi, um dos defensores de Chafik, o adiamento foi pedido para que sejam ouvidas 60 testemunhas de defesa e acusações na comarca de JequitinhonhaEssas pessoas já deveriam ter sido ouvidas por carta precatória expedida por Glauco Soares, mas, de acordo com Del Corsi, um equívoco da Justiça impediu a realização das oitivas"Ao invés de ouvir as testemunhas, a Justiça apenas expediu intimação para que elas compareçam no julgamento em Belo HorizonteMas nenhuma testemunha é obrigada a ir para outra cidade", observou.
A audiência está marcada para esta quarta-feira, 14, mas o advogado avalia que não haverá tempo para ouvir as testemunhas"Temos esperança de bom senso do juiz (Glauco Soares), porque também não é possível para a defesa estudar 60 depoimentos em um diaSeria um cerceamento de defesa muito grande", acrescentou.
Acampamento
Antes mesmo de saber a decisão de Glauco Soares, cerca de 2 mil sem-terra de todas as regiões de Minas seguiram para Belo Horizonte, para montar um acampamento em frente ao Fórum Lafayette para acompanhar o julgamentoO grupo planeja um ato na hora do almoço, nesta terça, "para pedir Justiça para esse crime", segundo Sílvio Netto, um dos representantes do MST no Estado
O fazendeiro aguarda o julgamento por um júri popular pelos cinco assassinatos e 12 tentativas de homicídio em liberdade"Caso tenha novo adiamento, o Estado tem que tomar alguma providênciaOu determinar a desapropriação do acampamento (Terra Prometida) ou prender o Chafik, porque, solto, ele representa uma ameaça para os trabalhadoresJá mostrou do que é capaz", salientou o dirigente do MSTA reportagem tentou falar com o fórum de Jequitinhonha no fim da tarde desta segunda, mas não houve retorno.