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Estado de Minas

Nova blitz é alvo de críticas e apoio na capital


postado em 14/05/2013 06:00 / atualizado em 14/05/2013 06:39

Donos de bares reclamam de prejuízos com a Lei Seca(foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)
Donos de bares reclamam de prejuízos com a Lei Seca (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)


O presidente da seção mineira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), Fernando Júnior, calcula que a força-tarefa montada na noite de sexta-feira para flagrar motoristas alcoolizados reduziu entre 30% e 40% o movimento da clientela no Bairro de Lourdes, principal reduto da gastronomia de BH. Para ele, houve uma dose de exagero do poder público ao direcionar todos os veículos às blitzes. “Não sou a favor da mistura direção e álcool, mas o que ocorreu foi uma peça teatral. Muitos frequeses não conseguiram estacionar seus carros e decidiram ir para casa. A efetividade da operação foi pequena: apenas 10 motoristas com suspeita de embriaguez”, criticou o empresário, que é dono da churrascaria Porcão.

Fernando Areco, proprietário de A Favorita, na Rua Santa Catarina, não poupa críticas também à nova estratégia. O empresário diz que as mudanças no trânsito impediram parte de clientela de chegar ao seu empreendimento. “Reclamei aos militares, mas eles me disseram que o consumidor poderia chegar ao restaurante dando voltas. Criaram um afunilamento no trânsito, semelhante a um curral. Perdi 30% da clientela. Uma coisa é a blitze convencional; outra é a que foi feita naquela noite, parecida com terrorismo”, desabafou.

As críticas dos comerciantes são endossadas pelo consultor em assuntos urbanos e presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da Associação Comercial de Minas (ACMinas), José Aparecido Ribeiro, para quem as blitzes de sexta-feira podem ser classificadas como “aparato de guerra”. “Aterrorizaram quem chegava nos mais de 40 restaurantes da região. A sensação para quem não sabia o que ocorria lá era a de que havia um sequestro ou um assalto a banco. Um amigo meu que chegava à região, por exemplo, ficou assustado e voltou para casa.”

Outras regiões

Por outro lado, o médico e psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, que ajudou a coordenar várias pesquisas sobre a Lei Seca, é favorável à nova estratégia adotada pelo poder público, desde que os motoristas sejam abordados de forma aleatória e esse tipo de operação ocorra em todas as regiões da cidade. “As blitzes precisam ser visíveis para a população. Não podem ser sempre no mesmo local. A fiscalização inibe a pessoa de beber e assumir a direção do veículo”, diz Campos, que, em 2009, divulgou estudo com dados curiosos.

Batizada de “Beber e dirigir em BH” e patrocinada pela Associação Brasileira Comunitária para a Prevenção do Abuso de Drogas (Abraço), a pesquisa foi feita, às sextas-feiras e sábados, com 1.727 condutores nas nove regionais de BH. Eles foram abordados das 23h às 3h. O maior percentual de infratores à Lei Seca ocorreu no Barreiro, onde 28,1% dos motoristas abordados haviam ingerido álcool. A segunda regional foi a Norte (18,5%). A Centro-Sul, onde está Lourdes, ficou em terceiro (17,2%). Depois, vieram Oeste (17%), Noroeste (15,8%), Nordeste (14,1%), Leste (12,9%), Pampulha (9,8%) e Venda Nova (6,2%).

 

Como ficou?

`Transbebum`
Proposta engavetada


Em julho de 2008, poucas semanas depois de a Lei Seca entrar em vigor, donos de bares e restaurantes se desesperaram diante de uma queda média de 40% na freguesia. O índice preocupou também o poder público, pois o setor é um dos motores da economia do município. Não é à toa que BH é chamada de a capital dos botecos – há cerca de 10 mil na cidade. Para reverter a queda, uma proposta discutida pela prefeitura, sindicato dos taxistas e Abrasel foi a criação do “Transbebum”. O serviço funcionaria da seguinte forma: a BHTrans criaria itinerários para que microônibus percorressem regiões com grande concentração de bares a diversos pontos de táxis da cidade. Havia a possibilidade de as tarifas serem mais baratas do que as convencionais. A ideia, porém, não saiu do papel. 


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