A suspeita de um surto de cinomose no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Belo Horizonte foi tema de uma audiência pública realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento na tarde desta terça-feira. Procedimentos adotados pelo Centro de Zoonoses estariam contribuindo para a propagação da enfermidade, considerada altamente contagiosa e causada por um vírus que afeta os aparelhos respiratório, gastrointestinal, e particularmente, o sistema nervoso dos filhotes e cães adultos. "O Centro de Controle de Zoonoses está castrando os animais e colocando-os na rua de novo, doentes. A doença está passando para outros animais, e essa é a preocupação dos criadores, que me procuraram”, esclarece o vereador Juninho Paim (PT), autor do requerimento.
A denúncia de maus tratos foi feita por Mila Rodrigues, membro da ONG Superação Animal. Ela conta que descobriu o risco que o CCZ oferece à saúde dos animais ao buscar quatro cães que foram recolhidos de um morador de rua e levados para o Centro de Zoonoses. "Uma amiga me contou sobre os cachorrinhos e me propôs buscá-los. Chegando lá, fomos informadas que deveríamos esperar até dez dias para que saísse o resultado do exame de leishmaniose, conta. "Fomos buscar na data certa e no mesmo instante que peguei eles já percebi que estavam com cinomose. Corri para o veterinário que confirmou a suspeita. Um deles morreu no mesmo dia e outros dois, dez dias depois. Apenas um está vivo", lamenta. "O problema é que muitos cães contaminados como esses são soltos nas ruas após passar pelo CCZ e contaminam vários outros", protesta Mila.
Franklin Oliveira, Coordenador do Núcleo Fauna de Defesa Animal, abriga mais de 50 cachorros em sua casa e também participou da audiência pública. De acordo com ele, frequentemente recebe denúncias de maus procedimentos adotados pelo CCZ no cuidado com os animais. "Os cães vivem em lotes, mas deveriam ficar separados para tratamento. Desta forma, misturam cães saudáveis com doentes e aqueles que tiverem baixa resistência logo ficam com a saúde debilitada também. Além disso, após passarem pelo CCZ, os cachorros nunca são devolvidos para o local onde já viviam e para as pessoas que já cuidavam deles" . Para Franklin, a Prefeitura de Belo Horizonte deveria fazer parcerias com os protetores de animais e centros de doação.
Durante a audiência, a gerente da Unidade de Controle de Zoonoses, Maria do Carmo Araújo, afirmou que os animais são muito bem tratados pela prefeitura e que o cuidado com os animais depende também da população, que é quem abandona os cachorros nas ruas e não assume suas responsabilidades. Para a autora da denúncia, Mila Rodrigues, os membros da prefeitura presente na reunião desviaram do assunto, falando apenas sobre educação nas escolas pela causa animal, e não respondeu efetivamente o questionamento sobre o surto de sinomose.
Cinomose
A cinomose é uma enfermidade altamente contagiosa causada por um vírus que afeta os aparelhos respiratório, gastrointestinal, e particularmente, o sistema nervoso dos filhotes e cães adultos. Os primeiros sintomas são congestão ocular e secreção aquosa ou de pus nos olhos. Posteriormente, os cães desenvolvem febre, descarga nasal, tosse, letargia, apetite reduzido, vômito e diarreia. Em estados avançados, o vírus pode atacar o sistema nervoso ocasionando ataques ou convulsões, espasmos o paralisia parcial ou completa. A doença é transmitida por animais infectados através de secreções oculares, nasais, orais ou pelas fezes. A vacinação e a prevenção do contato com animais infectados são os melhores elementos na proteção contra a cinomose.
O em.com.br entrou em contato com a assessoria do Centro de Zoonose de Belo Horizonte e aguarda resposta.