A dor de pais e familiares de crianças desaparecidas cresce em Minas. O número de menores que deixaram seus lares e não mais voltaram aumentou 165% em quatro anos. Em 2008, um total de 560 pessoas de até 17 anos sumiram em Minas e os desaparecimentos sofreram uma escalada em 2012, passando para 1.465. Segundo balanço da Polícia Civil, as investigações nem sempre resultaram no reencontro com as famílias. Em 2008, foram encontradas 706 crianças e em 2012 o número de localizados passou para 1.573, sendo observada uma variação de 122% em quatro anos. Até fevereiro deste ano, 368 menores permaneciam desaparecidos no estado e outros 2.372 casos estavam em investigação. Um dos episódios é o de Emilly Ketlen Ferrari, de 7, que sumiu no dia 4, quando estava em frente de casa, em Rio Pardo de Minas, no Norte do estado, caso que mobiliza toda a cidade.
Outro agravante é que os responsáveis deixam de entregar documento assinado para divulgação de dados e imagens da pessoa. Segundo ele, as informações são fundamentais para a localização dos desaparecidos. “É imprescindível que a família faça o boletim de ocorrência, compareça à unidade policial e assine essa autorização. Sem isso, nosso trabalho fica limitado.”
Violência
Entre os diversos motivos de desaparecimento de crianças e adolescentes, um vem chamando a atenção da polícia: o conflito familiar. “Ocorrem situações em que o pai ou o namorado levam a criança, para se vingar da mãe ou da namorada”, diz. Ele lista também, como causas, violência, rapto, tráfico de pessoas e de órgãos.
Os 5.912 menores que sumiram em Minas de 2006 e fevereiro deste ano representam 35,8% do total de 16.470 pessoas desaparecidas no estado no mesmo período. A explicação para tantos sumiços, de acordo com Dagoberto Batista, está no fato de a criança ser indefesa e carente de afeto, o que a torna frágil e mais exposta ao abandono e ao desaparecimento. Segundo ele, na maioria das vezes as crianças são vítimas do próprio descuido dos pais ou responsáveis e acabam sendo levadas por estranhos, por convencimento ou por força. De acordo com o delegado, Minas observa hoje um crescimento no total de adolescentes desaparecidos devido à maior incidência do uso de drogas nessa faixa etária.
Ato público pede esforço da polícia
O desaparecimento da menina Emilly Ketlen Ferrari, de 7 anos, no dia 4, mudou a rotina de Rio Pardo de Minas, no Norte do estado, e ontem mais de 500 pessoas participaram de protesto nas ruas da cidade, pedindo justiça e empenho das autoridades para a sua localização. Uma equipe da Divisão da Pessoa Desaparecida da Polícia Civil chegou ontem ao município para auxiliar nas investigações, comandadas pelo delegado Luiz Cláudio do Nascimento. A família de Emilly anunciou uma recompensa de R$ 5 mil para quem fornecer informações sobre a garota.
“A recompensa está sendo oferecida por empresários, que decidiram contribuir nas ações para localizar a menina”, informou o advogado Diogo Emanuel, que auxilia a família. “Conforme o volume de doações, o valor da recompensa poderá ser aumentado”, completou. Ele salientou que os familiares de Emilly trabalham em parceria com a polícia e as pessoas que tiverem informações sobre o paradeiro da criança podem ligar o telefone 0800 28 28 197. Comerciantes de Rio Pardo fecharam suas lojas ontem durante a manifestação dos moradores. Os participantes do ato público pararam, entre outros locais, em frente à delegacia de policia, ao fórum e à casa de Emilly Ketlen, onde exibiram mensagens para a mãe da menina, a esticista Tatiane Ferrari.
Também no Norte de Minas, está sendo procurado o menino Claudinei Marques da Silva, de 6 anos, que desapareceu em Várzea da Palma. Ele foi visto pela última vez na noite do domingo, quando seguia para casa, no Bairro Jardim América II. Até ontem à tarde, a policia não tinha informações sobre o paradeiro da criança.