A Praça da Liberdade, que já foi palco de atritos entre grupos de jovens motivados pela intolerância, assistiu na noite desta sexta-feira um ato de amor, expresso num “beijaço” irrestrito. A manifestação, segundo os organizadores, não teve como alvo fazer reivindicações ou denúncias, e nem mesmo defender posições. Porém, marcou a comemoração do Dia Internacional Contra a Homofobia, reunindo dezenas de jovens na praça. “A gente está a favor do amor em todas suas formas, sem aqui defender bandeiras ou reivindicar”, explicou a estudante Luiza Najar, de 21 anos, produtora do evento.
A iniciativa de promover o beijaço na praça partiu de alunos do Centro Universitário Una, por meio do Coletivo Nosso. “Estamos aqui para comemorar o amor. É claro que todos reivindicamos do estado nosso direito à melhor qualidade de vida, à igualdade e de amar da melhor forma que convier”, sugeriu Mariah Soares, de 23, que também promoveu a manifestação. Inevitavelmente, entre os beijoqueiros não faltaram os que protestaram contra os grupos que pregam a intolerância contra homossexuais, muitos dos quais que tratam a opção como doença.
A ideia para o beijaço teve início na campanha contra a homofobia realizada entre professores e alunos da Una, no mês passado. Roberto Reis, de 38, professor do Instituto de Comunicação e Artes do centro universitário, conta que há dois anos vem sendo desenvolvido um projeto de extensão contra a intolerância como um todo. Em abril, em resposta à efervescência das discussões sobre o tema da homossexualidade, foi realizada uma sessão de fotos denominada “Una-se Contra a Homofobia”. O professor marcou presença na praça e comemorou a iniciativa dos alunos, fruto do projeto de extensão.
O estudante do ensino médio João Vitor Campos, de 17, se surpreendeu com o beijaço. “Há um ano eu vinha aqui para me encontrar com um grupo punk. Era comum assistir brigas provocadas pela intolerância. Minha namorada me convenceu a deixar o grupo. Bom passar aqui hoje e ser parte de uma manifestação a favor do amor”. A namorada, Laura Alves Lima, de 16, fez questão de aguardar a contagem regressiva para o beijaço. “Espero que a praça seja um espaço para ações como essa e não palco do ódio gratuito”.