Vídeo de menina de 3 anos relatando com detalhes a violência sexual cometida pelo padrinho, de 24 anos, foi usado como peça do inquérito da Polícia Civil e apresentado à Justiça na última semana. Quatro meses após o estupro, ocorrido na casa da avó materna da criança, em Santa Luzia, Grande BH, Robnilson Lopes de Souza, que é primo da mãe da vítima, foi preso e acabou confessando ter molestado a afilhada. Um dos fatos que chamou a atenção dos investigadores foi o perfil do suspeito: jovem trabalhador, querido pela família, amigos e colegas de trabalho, sem histórico de crimes, sem vício em bebida ou drogas e que mantinha um namoro sério há anos com a mesma garota.
A delegada Bianca Santos Fé Prado Wanderley, titular da Delegacia de Mulheres de Santa Luzia, informou ontem que as investigações começaram em meados de janeiro. Na ocasião, o pai da menina parou um investigador na rua, que seguia em uma viatura, e pediu ajuda. "O pai estava muito revoltado. Ele contou ao investigador que a filha havia sido estuprada pelo padrinho e chegou a dizer que estava prestes a perder a cabeça e matar o homem", disse a delegada.
O pai da menina foi levado à delegacia para formalizar uma queixa contra o padrinho de sua filha. Durante a denúncia, ele mostrou o vídeo da conversa que ele e sua mulher tiveram com a filha, em que a criança conta o que o parente havia feito. A criança estava sozinha com o padrinho, na casa da avó, quando ele a estuprou. O homem residia no mesmo lote, no imóvel do segundo andar, e trabalhava com o pai da afilhada, vendendo joias.
"A menina relata em termos infantis tudo o que aconteceu. Que o padrinho tirou as roupas dela e a dele, acariciou as partes íntimas dela e tentou consumar o ato, e que só não conseguiu porque ela começou a chorar e reclamar da dor. Exames comprovaram lesões, mas não houve o rompimento do hímen", informou a policial.
Ainda de acordo com a delegada, no mesmo dia do estupro, a mãe percebeu que as partes íntimas da filha estavam com vermelhidão, mas pensou que fosse assadura. No entanto, uma semana depois a criança contou o que havia ocorrido e que o padrinho havia pedido para que ela não falasse nada com ninguém.
MONITORADO
Souza já havia sido ouvido na Delegacia de Mulheres do município, cerca de dez dias depois de ter sido denunciado pelos pais da afilhada e negado as acusações. Na data, ele foi liberado por não ter havido o flagrante. O rapaz foi capturado na semana passada, durante cumprimento de mandado de prisão temporária e dessa vez se disse arrependido. Ele estava escondido na casa de parentes, na cidade Itaguara, Região Central de Minas, onde trabalhava como ajudante de supermercado.
Antes de ser preso, Souza havia se refugido em Santa Maria de Suaçui, no Vale do Rio Doce. Conforme a delegada Bianca, embora tenha se mudado de cidade duas vezes, os passos do suspeito vinham sendo monitorados pela Polícia Civil. Nesse período de investigação, descobriu-se que Souza estava tirando passaporte e planejando fugir para a Europa. Após ser capturado, Souza foi levado para a presídio em Ribeirão das Neves, mas teve que ser transferido para a prisão em Santa Luzia porque estava correndo risco de ser morto.