Em cidades universitárias, além da fiscalização da prática do trote nos câmpus, a direção das instituições de ensino têm de vigiar o que ocorre nas repúblicas. Em Lavras, no Sul de Minas, e Ouro Preto, na Região Central do estado, as medidas adotadas pelas universidade federais para combater os trotes não têm surtido total efeito, já que as casas de moradia coletiva mantêm o trote. O Estado de Minas entrou em contato com alunos de 10 dos 29 cursos oferecidos pela Universidade Federal de Lavras (Ufla). Apesar de terem negado a ocorrência do trote e ainda ressaltarem a proibição, todos admitiram que o trote migrou do câmpus e das ruas da cidade para as repúblicas.
Na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) a história de desrespeito se repete. Os estudantes ouvidos pelo EM também informaram que os trotes ocorrem frequentemente o nas repúblicas federais e agora estão têm se estendido para as repúblicas particulares. De acordo os alunos, os calouros passam por uma verdadeira maratona de humilhação. Ao chegarem, recebem uma plaquinha com apelido dado pelos veteranos. Eles devem andar com ela por todos os cantos, sujeitos a alguma punição caso a percam. Além disso, passam a assumir os afazeres da casa, como lavar louças, cuidar de animais e limpar cômodos, por exemplo. “A ralação dura até que apareça outro “bicho” do próximo vestibular. Além de ter que fazer tudo o que os outros moradores exigem, o calouro é obrigado a ingerir bebidas alcóolicas e coagido a fazer uso de substâncias químicas. Isso varia de república para república”, relata uma estudante do curso de farmácia.
De acordo com a vice-reitora da Ufop Célia Maria Fernandes Nunes, a universidade trabalha com programas de acolhida aos estudantes para promover a integração de veteranos e calouros. Entre outras ações, tem buscado também a aproximação das famílias para criar um ambiente de cuidado com os alunos. “Nossa política é de total repúdio ao trote, que consideramos uma afronta aos princípios humanos e às garantias individuais”, afirma. No regimento interno da Ufop estão previstas penalidades aos transgressores, que podem chegar à suspensão do aluno.