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Estado de Minas

Polícia Militar admite insegurança no Bairro Belvedere

Falta de efetivo da PM para garantir segurança no Bairro Belvedere e recomendação da prefeitura para contratação de vigilância privada causam protestos de moradores e empresários


postado em 04/06/2013 06:00 / atualizado em 04/06/2013 06:45

Câmeras, como as da Avenida Luiz Paulo Franco, nem sempre inibem a ação de criminosos(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Câmeras, como as da Avenida Luiz Paulo Franco, nem sempre inibem a ação de criminosos (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Ao admitir que não tem efetivo suficiente para garantir a segurança no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, durante audiência pública, a Polícia Militar expôs a situação de vulnerabilidade de moradores, empresários e de quem trabalha ou circula na região. Como consequência, o secretário de Administração Regional Centro-Sul, Ricardo Ângelo, recomendou a contratação de vigilantes particulares e houve protesto de moradores, principalmente porque o bairro é um dos que mais arrecadam tributos com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).


Além disso, a reunião, realizada em 27 de maio, na Igreja de Nossa Senhora da Rainha, mostrou um descompasso entre a prefeitura e a Polícia Militar, já que a corporação é contra o uso de vigilância privada em ruas e em guaritas, que configuraria usurpação de função pública da segurança feita pela PM.

O comandante da 124ª Cia. da PM, Marco Antônio Ferreira Sposito, revelou na audiência pública que a corporação precisaria de ampliar seu efetivo em 50% para atingir o número ideal de militares necessários para o Belvedere e os demais bairros sob sua responsabilidade, como São Pedro e Santa Lúcia. Hoje são 118, mas ideal seriam 178, segundo o comandante.

“São menos policiais do que precisaria e ainda são mal utilizados. Quando se chama por socorro, eles (os militares) demoram a chegar. Isso porque não temos, por exemplo, o contato direto com o policiamento do bairro”, reclama o presidente da Associação dos Moradores do Belvedere (Amobbbh), Ricardo Michel Jeha.

Um dos presentes na reunião, o empresário Alexandre Gribel, de 47 anos, se disse “estarrecido” com a falta de perspectiva para conter a violência. “Não temos sossego. A impunidade é geral. São sequestros relâmpago, assaltos, furtos, relatos absurdos de crimes e quem deveria garantir a segurança admite não poder fazer isso”, desabafou.

O empresário lembra que é obrigação do Estado garantir a segurança e que os recursos para isso são repassados pelos impostos e taxas públicas: “Cercar o Belvedere seria fácil. Bastava aumentar em R$ 200 ou R$ 300 a mensalidade e se colocavam guaritas nos quatro acessos, com câmeras e vigilantes. Mas iríamos viver sitiados? Pagamos para ter segurança pública e exigimos isso”.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Administração Centro-Sul informou que, apesar de ter recomendado mais câmeras e segurança privada, isso não “eximiria da PM a função de garantir a ordem pública nas ruas”.

O subcomandante do 22º BPM, ao qual pertence a 124ª Cia., major José Roberto Pereira, disse que a recomendação é outra: “Não concordamos com segurança privada nas ruas e a corporação tem todas as condições de garantir a segurança aos moradores do Belvedere”, garante. Sem apresentar dados, a PM informou que a criminalidade no bairro caiu 22% de janeiro a maio deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado.

Medo constante

Juliana Salles e Cláudia Pimenta reclamam da insegurança constante no bairro(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Juliana Salles e Cláudia Pimenta reclamam da insegurança constante no bairro (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Enquanto a prefeitura e a PM não se entendem sobre como garantir a paz ao Belvedere, quem mora ou trabalha no bairro tem medo. “Tento ficar atenta para que bandidos não entrem comigo pelo portão da minha casa. Na praça (Lagoa Seca) é comum as pessoas serem assaltadas com revólver quando terminam de correr e vão entrar nos carros”, conta a estudante Juliana Salles, de 27 anos, que vive e trabalha no Belvedere.

Outra moradora, a estudante Cláudia Pimenta, de 30, diz que não há sossego nem sequer para buscar as crianças no colégio no bairro: “Ficamos apavoradas quando bandidos sequestraram uma pessoa que buscava o filho pequeno. Eu tenho uma filha e imagino como deve ser assustador ter a menina sob a mira de uma arma e você não poder fazer nada”.

Gerente de uma farmácia na Avenida Luiz Paulo Franco que já foi assaltada por homens armados, Nadieh França lembra que a insegurança e os furtos são frequentes. “Aumentou muito a presença desses pivetes (menores infratores) que furtam mercadorias e tentam roubar as funcionárias que chegam para trabalhar ou os clientes. Polícia aqui a gente só vê depois que o roubo já aconteceu”, afirma.

Uma loja de brinquedos ao lado teve a vidraça estilhaçada e várias mercadorias levadas de madrugada, há menos de um mês. “Eram nove ladrões, seis deles menores de 18 anos e quatro mulheres. A polícia prendeu todos depois de ver o que foi filmado pelas câmeras de segurança. Não eram daqui, mas do Barreiro. Levaram uma minimototcicleta, brinquedos e eletrônicos”, lembra.

Mas há quem diga que a violência  no bairro não é diferente nos demais  de BH, como o empresário Roberto Silveira, de 47, que mora no Buritis e trabalha no Belvedere há 12 anos. “Contribuo com a segurança privada, mas não acho que a violência aqui seja maior. O negócio é que no Belvedere tem mais gente rica e influente, que tem um poder de cobrança maior. Se fosse um ladrão, eu iria querer roubar onde tem mais dinheiro mesmo”, ironiza.

 

 

Saiba mais
Horror nas mãos de bandidos

Um trio de assaltantes que agia no Belvedere foi reconhecido por pelo menos 15 vítimas depois de ser preso pela PM no Belvedere, em 29 de abril. O histórico de torturas praticadas pelos bandidos deixou a vizinhança amedrontada. “Apanhei do portão até dentro da minha casa. Eram coronhadas, roleta-russa na minha cabeça. Ameaçaram estuprar minha filha, fizeram xixi na cama, na nossa frente”, contou um morador. Foram presos Frederico Mendes Martins, de 27 anos, que tinha uma pistola calibre 9 milímetros; Fernando de Oliveira, de 29, que empunhava um revólver calibre 38, e Thiago Silva Santos, de 21, que também tinha um revólver 38. Outra vítima foi o presidente da Associação dos Comerciantes do Belvedere, César de Moura Gomes. Em agosto do ano passado ele foi baleado dentro de sua loja por um homem ainda não identificado. O disparo atingiu a nuca e o ombro do comerciante. Ninguém foi preso. A reportagem apurou que César tem sequelas neurológicas devido aos ferimentos na cabeça.


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