Jornal Estado de Minas

Vídeo comprova briga de delegado suspeito de morte da namorada

Perto de entregar inquérito sobre a morte de Amanda Linhares à Justiça, Polícia Civil confirma que Geraldo Toledo ameaçou vendedora de shopping popular com uma arma

Paula Sarapu

- Foto: Reprodução da internet

A poucos dias da conclusão do inquérito sobre a morte da adolescente Amanda Linhares Santos, de 17 anos, a situação do delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto, suspeito de atirar contra a adolescente, se complicaA Corregedoria da Polícia Civil confirmou que foi ele quem fez as ameaças a uma vendedora do Shopping Oiapoque pouco antes de ser preso, no dia seguinte em que Amanda foi baleadaToledo foi flagrado pelas câmeras de segurança do shopping popular e, com arma em punho, agrediu verbalmente uma vendedoraEle queria pagar R$ 200 por um capacete que custava R$ 350 e, por causa do tumulto, clientes assustados deixaram o lugar correndoRetirado por um segurança, o policial também teria colocado a arma contra o peito dele, afirmando que era delegado

Até segunda-feira, a delegada Águeda Bueno, responsável pelo inquérito sobre a morte de Amanda, deve concluir as investigações e remeter o caso à JustiçaPara a advogada Maria Amélia Tupynambá, que está deixando o caso, Toledo deve ser indiciado por homicídioSegundo ela, apesar de não haver provas no inquérito, a Corregedoria do órgão já demonstrou esta intençãoAmanda faleceu na noite de segunda-feira, depois de 51 dias internada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIIIToledo continua preso na Casa do Policial Civil, por força de mandado de prisão temporária, e deve ser representado agora por um defensor da comarca de Ouro Preto, onde ocorreu o disparo.

Segundo Maria Amélia, a tese da defesa deve ser mantida: de que a adolescente se suicidou“Não há provas no inquérito, especialmente para uma condenação
Pelo contrário, há provas robustas que comprovam a versão dele”, afirma elaDe acordo com o delegado, Amanda tirou uma pequena arma da bolsa e atirou contra sua cabeça, em 14 de abril, depois de uma discussãoO delegado afirma que a menor nutria por ele um amor platônico e que ela estava em depressão, sentindo-se rejeitada pela família e por ele, já que não queria mais manter nenhum envolvimento com ela

Na segunda-feira, Toledo deve comparecer a uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para explicar sua versãoEle foi convocado pela terceira vez e, agora, teve a presença autorizada pela Justiça

Ficha

O delegado ainda responde a nove sindicâncias, dez inquéritos e dois processos administrativos na Corregedoria que podem resultar na recomendação de sua demissãoEle já foi indiciado por lesão corporal contra Amanda, em março deste anoSe for mesmo indiciado por homicídio, a Corregedoria pode instaurar outro processo administrativo para que ele seja avaliado por uma comissão de delegadosA exoneração do servidor, no entanto, depende de assinatura do governador Antonio Anastasia.

Duas semanas antes do disparo, a adolescente havia registrado queixa contra o delegado por agressãoA Justiça chegou a decretar medida protetiva pela Lei Maria da Penha, impedindo-o de se aproximar da jovem, que voltou à casa da mãe em Conselheiro Lafaiete

No dia em que foi baleada, Amanda estava no carro do delegado, numa estrada que liga Ouro Preto a Lavras NovasÀ uma amiga de Belo Horizonte, ela havia dito que o namorado a tinha convidado para um passeio românticoToledo afirma que não foi notificado sobre a medida protetiva e que encontrou Amanda a pedido dela

Ferida, Amanda foi levada pelo policia para uma Unidade de Pronto Atendimento de Ouro Preto sem nenhum documentoEle guardou o carro na casa de um amigo em MacacosToledo argumenta que estava desesperado e que, ao socorrê-la, deixou para traz a bolsa e a arma que teria sido usada por elaMas este amigo, em depoimento, contou à polícia que o delegado se desfez dos pertences de Amanda pela BR-040, a caminho de BHA bolsa e um pé da sandália que ela usava no dia em que foi baleada foram encontrados pelos agentes da Corregedoria próximo ao Viaduto da MutucaA família da menor reconheceu os pertences


CRIMES

Natural de Pouso Alegre, o delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto atuou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e atualmente estava na de Atendimento à Pessoa Deficiente e ao IdosoContinuava na ativa, mesmo investigado por prática de crimesDesde 2002 na Polícia Civil, ele responde a processo por suspeita de irregularidade no licenciamento de veículos, quando era delegado de trânsito em BetimEm 2011, foi detido pelo mesmo crime, em São Joaquim de Bicas, acusado de receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológicaSegundo a Polícia Civil, a lei garante a ele o direito de trabalhar e receber os vencimentos enquanto não for concluído qualquer processo judicial em tramitação e na Corregedoria da instituição.

Veja o vídeo da confusão