A juíza Glauciane Chaves de Melo, de 42 anos, foi assassinada a tiros na manhã dessa sexta-feira pelo ex-marido, Evanderly de Oliveira Lima, dentro de seu gabinete no fórum de Alto Taquari, no Mato Grosso, cidade de 8 mil habitantes a 489 quilômetros da capital Cuiabá. A magistrada era mineira de Conselheiro Lafaiete, na Região Central do estado, e, antes de prestar concurso público para o cargo, foi servidora do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, onde trabalhou também em um escritório de direito.
Segundo informações do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT), Evanderly, que é de Belo Horizonte e trabalha no Hospital Municipal de Alto Taquari, entrou no gabinete da ex-mulher e iniciou uma discussão. Em seguida, funcionários do fórum ouviram disparos. Glauciane teria morrido com dois tiros. Evanderly fugiu a pé, chegou a ser perseguido por um segurança, mas se escondeu em um matagal. A arma do crime, um revólver calibre 38, foi encontrada pela Polícia Civil no início da tarde na área externa do fórum. O casal tinha um contrato de união estável que foi dissolvido em 21 de janeiro de 2013. A separação entre os dois, no entanto, ocorreu em 10 de dezembro, segundo o TJMT. O casal não tinha filhos.
O presidente do tribunal, desembargador Orlando Perri, afirmou que as suspeitas são de crime passional. “Todas as informações convergem nesse sentido”, afirmou. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, um cerco foi montado na região de Alto Taquari para tentar prender Evanderly. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) participa da busca. As estradas que ligam o Mato Grosso ao Mato Grosso do Sul e Goiás terão bloqueios da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O presidente do TJMT decretou luto oficial em todo o Poder Judiciário por três dias. Os prazos processuais também foram suspensos ontem e voltarão a ser contados na segunda-feira.
O corpo da juíza foi levado à tarde para Cuiabá, onde passaria por necropsia. O presidente do TJMT viajou para Alto Taquari para acompanhar o traslado. O caixão deverá seguir hoje para Belo Horizonte. O enterro será em Conselheiro Lafaiete, segundo informações da prima de Glauciane, a advogada Jenifer Mingot. A data ainda não foi marcada. A juíza tem uma irmã, Eliane Melo, que trabalha no TJMG, e estava viajando. A mãe teria se mudado para a casa da magistrada em Alto Taquari.
Glauciane se formou em direito em 1998 na Faculdade Milton Campos. Antes, trabalhou como professora do ensino fundamental. No Fórum Lafayette, ela trabalhou com o então juiz Marcos Lincoln, da 10ª Vara Cívil, entre setembro de 2004 e maio de 2007. Classificada no concurso público, ela escolheu a comarca de Alto Taquari para atuar. Na ocasião, a juíza informou que fez a escolha levando em consideração ser uma comarca tranquila, com um bom número de servidores. A Associação Mato-Grossense de Magistrados (Amam), em nota, lamentou o assassinato.